Cronicando: Formiga, minha flor
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Já do alto respiro o ar de minha cidade.
E tem cheiro de praças, de cafés, cheiro de aconchego.
Pérola do meu coração em arvoredos e sons nostálgicos de transeuntes e janelas.
É bom te ver assim, é bom estar aqui!
Aqui tem os meus de amores passados, de alegrias de outrora e gratidão.
Tão pequena e tão bela, oh minha pérola!
Tantos momentos de alegria, de luz, acho que foi daqui que Deus criou as cores, as flores.
De seus sarais e cantos, de suas quermesses em louvor, de procissões e povo a rezar e a pisar em tapetes florais contrito na agonia do Senhor.
Onde o coreto é redemoinho de sonhos a girar, de encantamentos e paixões.
Das meninas com seus laços de fita, suas saias plissadas com seus cadernos diante do coração, com segredos de nomes contornados em coração.
As lojas, ainda estão abertas, acendem -se as vitrines, é um sussurro de volta para casa, para o lar, para o bar, para abraços.
É um mundo de desejos de felicidade, a dona de casa vê da janela o movimento, talvez seja igual a mim, seja uma saudosista ou quem sabe à espera de um amor.
O rio desce calmo, num murmúrio triste e agonizante, mas ainda sorri, ainda reflete a lua que já desponta por detrás do Cristo, que observa a tudo!
Eu sou como o rio, me levo e deixo-me levar em sonhos e saudades.
Agora as estrelas denunciam os boêmios, que fincam cotovelos em bares.
Já é noite e o silêncio interrompe meus pensamentos em gritos de felicidade.