Cronicando: Ócio da inquietude

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Ócio da inquietude
Robledo Carlos é membro da Academia Formiguense de Letras




Ociosamente me entrego ao abandono, sem chiados de rádios ou de gatos fazendo amor.
Solitude é um tantão de gente e coisas da cabeça de um louco feliz.
Muita coisa em frenético barulho de total sossego.
Me encontro meio que, como uma talhadeira enferrujada, descansando no meio de uma fenda de uma pedra, quase que em orgasmo, esperando uma marretada de despertar.
Maceta o som do carrilhão aos meus ouvidos em atrevimentos incontidos em minha dormência ociosa.
Anciosamente em ócio me encontro.
O cio permanente da minha capacidade de criar, ousa a ficar viril embaixo do limoeiro florido, em ócio ácido.
Na tela branca do muro de pingadeira verde musgo, desenha um cachorro com uma orelha caída.
Interronpe ao som do besouro que insiste nadar de costa na poça que risca o cimento.
O ofício roe os ossos, o ócio é o bálsamo de m’alma, que sonha em devaneios utópicos, quase palpáveis.
Venero o balanço da rede que range, o pardal que acasala cantando feliz, tudo é belo no ócio.
As roupas dançam ao vento, as acerolas começam a amadurecer, o cão ronca, os limões capeta parecem bolas, auréolas santas e inquietas, as minhas formigam.