Cronicando: Quando morava no meu quintal

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Quando morava no meu quintal
Robledo Carlos é membro da Academia Formiguense de Letras




Meu quintal já foi um porto

e também grande deserto

já foi matas de florestas

e também fundo do mar

Meu quintal já foi um circo

com trapezista e palhaços

foi também campo de guerras

de mamona e bagaços

Foi também um cemitério

de gatos, cachorros, galinhas

com fogueiras e mistérios

de bruxos, reis e rainhas

Ah... quintal de doce encanto

de caramujo e tatu-bola

com azedinho e mio-de-grilo

um pé de uva, outro acerola.

À noite dorme o quintal

o mandruvá e a joaninha

a borboleta e a lesma

debaixo de uma folhinha

Hoje guardo na lembrança

Olhando pro céu a pensar

dos meus tempos de criança

o que mais fiz, foi sonhar.