Curiosidades formiguenses

Curiosidades formiguenses
Anísio Cláudio Rios Fonseca é professor pesquisador do Unifor-MG e coordenador do laboratório de mineralogia




Sempre gostei da cidadezinha das areias brancas, principalmente quando tinha areia branca com fartura. Sendo uma cidade cujo porte ainda permite conhecer quase todo mundo, ela continua crescendo e crescendo, mas velhos problemas ainda insistem em perdurar. Embora não sejam problemas graves para quem está bem das pernas, se tornam pesadelos para a turma do DNA (Data de Nascimento Antiga) e para os portadores de necessidades especiais. 

Embora os eufemismos utilizados hoje pareçam ser tratamentos mais respeitosos às pessoas que possuem limitações físicas (e devem ser respeitadas mesmo), o mesmo não acontece quando o assunto é quanto ao meio físico onde elas deveriam transitar. De nada adianta ficar com firulas para mascarar um problema se na prática as pessoas nada fazem para minimizar isto. Incluo também o cidadão sem restrições locomotoras, mas que vê seu direito de se locomover cerceado por obstáculos oriundos de práticas nojentas e abusivas da construção civil, dentre outras. Seguidas administrações municipais têm sido coniventes com isto. Explico: Como exemplo, há garagens localizadas em casas cujas ruas têm declive e seus acessos muitas vezes são dignos de disputas atléticas. Há rampas com desníveis tão grandes em relação aos passeios que, mesmo para quem está com tudo em cima, é difícil passar. Há lixeiras fincadas no meio das calçadas, carros abandonados em cima de passeios. Isso é caso de polícia! 

Esgotos ainda são graves problemas nas chuvas, pois o cidadão insiste em descarregar a água pluvial de suas casas na rede de esgoto, logo, não há tubulação que agüente. Já vi diversas pessoas, inclusive senhoras, serem atingidas por esgoto porque motoristas mal-educados passam com tudo nas poças que se formam. Para completar o caos, há carros em passeios, lixeiras, árvores, montes de areia e brita e muito mais. Colocar brita e areia na rua e em cima do passeio!!! Isso é uma vergonha e mau caratismo! Quem faz isso é muito espaçoso! 

Vamos ter decência, moral e pensar um pouquinho nos outros. Eu posso dar a volta e fingir que não vi nada porque, graças a Deus, minhas pernas são fortes e me levam onde quero e por onde quero, mas não vou ser conivente com estes absurdos. Há diversas pessoas que vêem cerceado o mais básico direito do cidadão- o de ir e vir, e de nada adianta usar eufemismos para designar as deficiências alheias se o respeito anda embutido na porcaria de uma lata de lixo. Pintam umas faixas, fazem umas rampas porque a lei obriga, mas as chagas continuam maiores do que nunca. Cabe ao cidadão acabar com isso e é obrigação da administração municipal fiscalizar e coibir estes abusos. O fantástico Stephen Hawking, teorizador do big-bang, portador de esclerose múltipla e que se locomovia e comunicava graças a um aparato computadorizado, profetizou sobre os acessos da sua universidade:

“Se não forem construídos acessos para os deficientes, não haverá deficientes aqui para quem os acessos sejam construídos”.

** Por questão de ética, nomes e ruas estão omitidos, mas todos os cidadãos sabem onde existem chagas assim e devem denunciá-las.

Anísio Cláudio Rios Fonseca é professor do Unifor-MG, coordenador do laboratório de mineralogia e especialista em Solos e Meio-Ambiente

e-mail: anisiogeo@yahoo.com.br