Curiosidades formiguenses
Sempre gostei da cidadezinha das areias brancas, principalmente quando tinha areia branca com fartura. Sendo uma cidade cujo porte ainda permite conhecer quase todo mundo, ela continua crescendo e crescendo, mas velhos problemas ainda insistem em perdurar. Embora não sejam problemas graves para quem está bem das pernas, se tornam pesadelos para a turma do DNA (Data de Nascimento Antiga) e para os portadores de necessidades especiais.
Embora os eufemismos utilizados hoje pareçam ser tratamentos mais respeitosos às pessoas que possuem limitações físicas (e devem ser respeitadas mesmo), o mesmo não acontece quando o assunto é quanto ao meio físico onde elas deveriam transitar. De nada adianta ficar com firulas para mascarar um problema se na prática as pessoas nada fazem para minimizar isto. Incluo também o cidadão sem restrições locomotoras, mas que vê seu direito de se locomover cerceado por obstáculos oriundos de práticas nojentas e abusivas da construção civil, dentre outras. Seguidas administrações municipais têm sido coniventes com isto. Explico: Como exemplo, há garagens localizadas em casas cujas ruas têm declive e seus acessos muitas vezes são dignos de disputas atléticas. Há rampas com desníveis tão grandes em relação aos passeios que, mesmo para quem está com tudo em cima, é difícil passar. Há lixeiras fincadas no meio das calçadas, carros abandonados em cima de passeios. Isso é caso de polícia!
Esgotos ainda são graves problemas nas chuvas, pois o cidadão insiste em descarregar a água pluvial de suas casas na rede de esgoto, logo, não há tubulação que agüente. Já vi diversas pessoas, inclusive senhoras, serem atingidas por esgoto porque motoristas mal-educados passam com tudo nas poças que se formam. Para completar o caos, há carros em passeios, lixeiras, árvores, montes de areia e brita e muito mais. Colocar brita e areia na rua e em cima do passeio!!! Isso é uma vergonha e mau caratismo! Quem faz isso é muito espaçoso!
Vamos ter decência, moral e pensar um pouquinho nos outros. Eu posso dar a volta e fingir que não vi nada porque, graças a Deus, minhas pernas são fortes e me levam onde quero e por onde quero, mas não vou ser conivente com estes absurdos. Há diversas pessoas que vêem cerceado o mais básico direito do cidadão- o de ir e vir, e de nada adianta usar eufemismos para designar as deficiências alheias se o respeito anda embutido na porcaria de uma lata de lixo. Pintam umas faixas, fazem umas rampas porque a lei obriga, mas as chagas continuam maiores do que nunca. Cabe ao cidadão acabar com isso e é obrigação da administração municipal fiscalizar e coibir estes abusos. O fantástico Stephen Hawking, teorizador do big-bang, portador de esclerose múltipla e que se locomovia e comunicava graças a um aparato computadorizado, profetizou sobre os acessos da sua universidade:
“Se não forem construídos acessos para os deficientes, não haverá deficientes aqui para quem os acessos sejam construídos”.
** Por questão de ética, nomes e ruas estão omitidos, mas todos os cidadãos sabem onde existem chagas assim e devem denunciá-las.
Anísio Cláudio Rios Fonseca é professor do Unifor-MG, coordenador do laboratório de mineralogia e especialista em Solos e Meio-Ambiente
e-mail: anisiogeo@yahoo.com.br

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