Formiga turística

Sem a menor dúvida, Formiga é a cidade com o maior potencial turístico da região. Tem belezas naturais comparáveis a Capitólio e Pimenta, manifestações culturais e tradicionais como as de Itapecerica e Oliveira, artesanato, comércio, espaços para eventos como Divinópolis e até hotel com aeroporto, que nem Divinópolis tem.
Preocupação real com turismo houve em momentos, há de se reconhecer, em que Ninico Resende e Eduardo Brás estiveram à frente do Executivo. Fora esses dois, o que aconteceu foi pontual, um caso aqui, outro ali.
Quem acompanha o calendário de eventos em Formiga verá com facilidade que não faltam oportunidades, porém, o que se nota é que há uma visão equivocada de como fazer chegar às diversas camadas da sociedade cada ato.
Toda e qualquer festa e/ou evento no espaço cultural na Casa do Engenheiro tira pessoas idosas do ânimo de participar. Além de o estacionamento ser no morro, ainda há a insistência de deixar todo mundo em pé. Cadeiras e mesas…? Nem pensar… é todo mundo em pé depois de subir ladeira. Se é para a rapaziada, é mais fácil de encher. E a divulgação por meio de redes sociais também não funciona, pessoas das antigas não buscam informações no instagram ou em qualquer rede social de caráter oficial.
Os festivais gastronômicos rurais, como o de Albertos, são o que apareceu de mais organizado e de bom gosto nos últimos anos. É coisa de encher os olhos e empapuçar o estômago. Se dá para fazer em distrito, dá para fazer na cidade. Vai vir gente de longe.
Pontos turísticos curiosos não faltam, mas apenas a Praça da Bomba está edificada. Seria muito interessante um tótem no estacionamento da Santa Casa de Caridade com os dizeres: “Foi neste hospital que funcionou o primeiro Raio X da América Latina”; um monumento à vida na Praça do Rosário onde houve a última execução (ou uma das últimas) de pena de morte do Brasil: “Para que o brasileiro jamais se esqueça das vidas que não tiveram valor”. E a Igreja Matriz São Vicente Férrer…? É considerada a oitava mais bonita de Minas Gerais (estado que tem as de Mariana, São João del Rey, Tiradentes e Ouro Preto) que tem um órgão com mais de 200 tubos, mas que é sempre encontrada fechada em finais de semana quando os turistas aparecem. Não há um só guia para contar sua história aos visitantes. Assim como tiram fotos ao lado da bomba, também irão registrar selfies em frente à Santa Casa, na Praça da Forca e na Igreja Matriz.
Injusto é alguém dizer que não há eventos em Formiga. Há encontro de motociclistas, de paramotores, de carros antigos, festivais de música, da linguiça e do queijo, folia de reis, festas do congado, isso sem falar em uma enorme rede de bares e restaurantes, grande parte com músicas ao vivo nos finais de semana.
Há de se pensar em colocar Formiga de maneira definitiva e com destaque no roteiro turístico mineiro. Não há uma só lembrança da cidade, seja cinzeiro de semente e latão ou camiseta com o desenho do Cristo Redentor de braços abertos abençoando as Areias Brancas.