“I Got a Name” — Um canto de filho para pai
Meu filho chegou. E quando ele chega, não vem só: traz a música, a memória, o afeto e uma luz que entra porta adentro e parece iluminar até os cantos mais adormecidos do coração. Sérgio Eduardo, nome que escolhi com todo o amor que um pai pode carregar no peito, chegou em Formiga — essa terra onde decidi plantar meus dias e colher silêncios com sabor de paz.
Mas ele não é só Sérgio Eduardo. É Sérgio Eduardo Lemos Fenelon. É também Sérgio Self, nome artístico que criou fundindo as partes mais significativas de sua identidade. E o nome artístico, por si, já carrega o gesto de quem sabe onde está sua raiz — e não tem vergonha de cantar sobre ela.
Naquele fim de tarde tranquilo, ouviu uma canção linda. Bastou isso. Pegou o violão, afinou com a paciência dos que respeitam a música, e começou a cantar “I Got a Name”, na voz imortal de Jim Croce — canção que embala a trilha sonora de Django Livre, de Quentin Tarantino, mas que naquela hora embalava outra história: a nossa.
Foi mais que uma interpretação. Foi um gesto de afeto, um presente, uma memória que se construiu diante dos meus olhos. Cantou com emoção, com lirismo, com aquela leveza madura de quem sabe cantar para dizer algo que vai além da letra. E ele disse. Disse com a voz, com os gestos, com a alma: “Pai, se eu tenho um nome, foi você quem me deu.”
A dicção impecável, o inglês fluente, a harmonia entre técnica e sentimento. Tudo isso impressiona, claro. Mas nada me tocou mais do que o jeito como ele olhava — como quem canta olhando para o passado, mas com gratidão no olhar do presente. Naqueles versos — “Like the pine trees linin’ the windin’ road / I’ve got a name…” — havia algo que só um pai sabe sentir: a confirmação de que valeu a pena.
A música, naquela tarde, virou elo. Entre o menino que um dia embalei nos braços e o homem que hoje canta com o mundo nos ombros — e ainda assim com leveza. Entre o passado que construímos e o futuro que ele projeta com dignidade e arte. Foi um elo invisível, mas forte. Inquebrantável.
E como é bom ver um filho cantar as alegrias da vida. Em tempos em que tanto se canta a dor, ver o próprio filho entoar uma canção que celebra identidade, liberdade e origem é mais do que bonito. É sagrado.
Sérgio Self — esse artista que o mundo começa a conhecer — é, para mim, antes de tudo, Sérgio Eduardo. Meu filho. Meu orgulho. A canção viva da minha história.
E se ele tem um nome, sou eu quem confirma: sim, ele tem. E canta esse nome com a força de quem sabe de onde veio — e para onde quer ir.
A vida, meu caro, continua se vestindo de encantos. E o meu encantamento, hoje, tem voz. Tem melodia.
E se ele tem um nome, sou eu quem confirma: sim, ele tem.
Tem nome e sobrenome.

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