O Homem Certo no Lugar Certo
Há histórias que merecem ser preservadas na memória do nosso povo — especialmente daqueles que amam o esporte, a palavra e o valor da presença humana verdadeira. Elas não brotam apenas dos grandes feitos, mas também da dignidade silenciosa com que alguém cumpre sua missão, por mais simples que pareça aos olhos do mundo.
Quando uma pessoa domina com excelência aquilo que faz — quando coloca coração, técnica e verdade em sua tarefa —, ela se destaca. Não porque busca aplausos, mas porque o que é bem feito brilha por si só. Cada um tem seu lugar e o seu papel. E, quando esse lugar é ocupado com sabedoria e humildade, transforma-se num ponto de luz que irradia.
Existe uma ideia antiga, e ainda viva: tudo funciona melhor quando cada pessoa está onde deve estar. Não porque seja superior às outras, mas porque carrega experiência, sensibilidade, conhecimento. E sobretudo, respeito — por si e pelos demais.
O dom que você possui — seja a palavra bem dita, a dicção exata, o pensamento lúcido ou o gesto acolhedor — é mais do que talento: é conquista. É fruto de vivência, é herança de lutas, é expressão de quem você se tornou. E, diante disso, até o mais poderoso dos homens se curva, não por obrigação, mas por reverência.
Há riquezas que não cabem em cofres. Elas se revelam no caráter, na escuta, na paciência, na constância, no compromisso com o bem. É assim que se reconhece a verdadeira grandeza: não pelo que se ostenta, mas pelo que se compartilha.
Cada pessoa é um universo inteiro. E, na dança da convivência, o que sustenta a harmonia é justamente essa orquestra feita de vozes diversas. O toque que cura, a palavra que consola, o trabalho bem feito, o silêncio que respeita, a coragem que inspira — tudo isso se soma e se sustenta mutuamente.
A força invisível que move essa engrenagem chama-se respeito. Quando olhamos o outro com genuína admiração, quando valorizamos com justiça o que ele é e o que faz, estamos construindo uma sociedade mais ética, mais sensível, mais humana.
Porque a beleza do mundo está na unidade da diversidade: na convivência pacífica entre diferenças, na escuta mútua, na valorização das experiências distintas. Quando isso acontece, a comunidade floresce. E a humanidade avança — não pelo medo ou pela imposição, mas pela consciência do valor de cada vida.
Assim se constroem as grandes histórias: com gente comum realizando gestos extraordinários dentro daquilo que lhes cabe fazer. Gente que não precisa levantar a voz para ser ouvida, nem exibir-se para ser lembrada. Gente que vive o seu papel com inteireza e amor — e por isso deixa marca.
É disso que se trata: reconhecer o valor de cada um, e também o seu próprio. Saber que todos têm algo a oferecer. Porque, quando cada pessoa entende quem é, o que sente e o que veio fazer aqui, tudo começa a fazer sentido. E o mundo, silenciosamente, agradece — com mais justiça, mais ternura e mais esperança.
Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho é advogado e cronista
luizgfnegrinho@gmail.com

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