O puxicói da política formiguense

O puxicói da política formiguense




Havia uma importante expressão do dialeto da região da comunidade de Padre Trindade, em Formiga, que era muito comum, mas entrou em desuso há alguns anos. Ela é o puxicói.  

“Você viu Maria? Uma hora ela fala que vai casar, mas depois desfala, é um puxicói danado”. “O Zé Antônio falou que ia vender a produção de mandioca para fazer polvilho, mas desistiu. Depois resolveu vender. Nunca vi um puxicói assim”. “O Zé Pedro tinha de tomar injeção com o Rubinho da Drogaria, mas ele tá com medo. Não resolve nunca se vai, fica só no puxicói”.

Na política formiguense, há alguns anos a situação de puxicói impera e a cidade nunca consegue ter o seu deputado. Ninico foi eleito para a Assembleia Legislativa em 1982, Eduardo Brás em 1988 e de lá para cá, ninguém mais. Ano que vem tem eleições e mais uma vez as conversas das rodinhas dos corneteiros da Praça Getúlio Vargas começam a rodear o tema. Umas levantam a pauta de que “agora vai” e outras “iche, vai encher de candidatos de fora para buscar votos, tem jeito não”.

Se for feito um levantamento, talvez Formiga seja a única cidade de seu porte em Minas Gerais que não tem o seu representante no Poder Legislativo Estadual. São mais de 55 mil eleitores que poderam focar em colocar no parlamento mineiro o seu mais legítimo representante, só que o fenômeno do puxicói assusta.

Daqui a exatamente um ano haverá eleições. Bem que a Acif/CDL, os clubes de serviço, os sindicatos, as associações de bairros e os demais setores organizados da sociedade poderiam ter como meta elevar algum nome à condição de representante das Areias Brancas.

Constantemente, quem é de direita em Formiga diz a cidade é de direita, mas se esquece de que Aluísio Veloso, do PT, foi prefeito por dois mandatos e que o médico Reginaldo Henrique, do PCdoB, foi o presidente da Câmara Municipal. Já quem é de esquerda diz que tem chance, mas nem se lembra de que hoje o prefeito é um coronel da PM e o presidente da Câmara também é militar da reserva. A verdade é que, na política municipal, se vota na pessoa, são poucos os que se imaginam em um voto ideológico. O que Formiga deveria pensar é em cobrar de algum político da cidade compromissos pontuais caso eleito. Deputados de esquerda não estão nem aí para a cidade, os de direita também. Um manda uma emenda aqui, outro manda outra ali e quando alguém precisa de algum deputado para uma questão séria: babau.

2026 tem eleições, tomara que o puxicói da política não seja tão relevante como tem sido nos últimos anos.