Opinião: Escolas cívico-militares Mitos e Verdades

Jorge Zaidam (de Formiga)

Opinião: Escolas cívico-militares  Mitos e Verdades
Jorge Zaidam é professor de História e Oficial da Reserva do Exército Brasileiro




Com a implantação das escolas cívico-militares no país, muitas opiniões foram dadas, algumas a favor, outras contra. No campo dos contrários, aponta-se que, por ser uma escola militarizada, pode haver repressão da criatividade, da autonomia e do desenvolvimento do pensamento crítico. Ainda há críticas de que o modelo pode restringir a liberdade de expressão e a diversidade, podendo até vir a discriminar alunos em razão de orientação sexual, cor da pele ou religião. 

É importante levar em conta que o respeito à dignidade da pessoa humana é uma tônica em todas as escolas militares do Brasil, e não seria diferente em uma escola cívico-militar. A área pedagógica dessas escolas não está nas mãos de militares da ativa ou da reserva (aposentados), mas sim de professores e professoras civis, supervisionados por pedagogos e pedagogas também civis, sem a interferência militar.

Não se deve confundir escola-cívico militar com as academias, escolas e institutos militares, voltados para a formação profissional militar bélica ou técnica, cuja linha pedagógica, aí sim, segue parâmetros diferentes da formação civil. 

Os estabelecimentos militares de ensino existem para atender a um público específico, cuja matrícula se dá em caráter voluntário. Já as escolas cívico-militares são instituições públicas comuns, onde a gestão administrativa e de conduta fica a cargo de militares federais ou estaduais, enquanto a gestão pedagógica é entregue exclusivamente a pedagogos e demais profissionais de educação.

Entre os que aprovam o modelo cívico-militar, as opiniões mostram a solução de graves problemas que algumas escolas civis não conseguiram resolver, como a violência de alunos contra professores ou contra outros alunos, a falta de disciplina, que é fundamental em um ambiente de ensino, o alto número de evasão e a ausência de segurança para a comunidade escolar. Não se tem dados de que uma escola militar ou cívico-militar tenha sido atacada por algum tresloucado de arma na mão a fazer suas vítimas entre alunos ou que tenha sido alvo de narcotraficantes.  

Quanto ao desempenho, embora as escolas cívicos-militares ainda não estejam no topo das primeiras colocadas em avaliações como o ENEM, afinal elas foram implantadas há pouco tempo, já conseguiram alcançar uma melhoria considerável em comparação com outras escolas públicas. 

As escolas cívico-militares não estão alienadas das políticas públicas educacionais vigentes. O zelo com o desenvolvimento socioafetivo, psicomotor e cognitivo das crianças e adolescentes deve ser a tônica central em todo educandário, seja ele civil ou cívico-militar. A afetividade, a tolerância à diversidade, o trabalho com os valores humanos e um olhar inclusivo são o pano de fundo das ações daqueles que se propõem a educar, num processo de parceria e diálogo com as famílias dos estudantes. 

Como militar da reserva, professor e pai, penso que não há o que se temer com a escola cívico-militar. Só vislumbro ganhos em todos os sentidos.

O futuro dará a resposta.