Opinião: ESCOLAS CÍVICO-MILITARES NÃO SÃO A SOLUÇÃO

Vladmyr Soares (de Formiga)

Opinião: ESCOLAS CÍVICO-MILITARES NÃO SÃO A SOLUÇÃO
Vladmyr Soares é professor de História e Geografia da E.E. Rodolfo Almeida




O Brasil vive uma grave crise educacional: altos índices de evasão escolar, baixo desempenho nos indicadores internacionais, infraestrutura precária e professores desmotivados. Diante desse quadro, algumas autoridades têm apostado em um modelo equivocado para “resolver” o problema: as chamadas escolas cívico-militares.Este, porém, é o pior caminho.

A proposta das escolas cívico-militares parte de uma premissa ultrapassada: de que a crise da educação decorre exclusivamente de indisciplina e falta de hierarquia entre os estudantes. Assim, a solução seria militarizar o ambiente escolar, impondo regras rígidas e uma falsa sensação de ordem. Isso pode até produzir uma melhora temporária em indicadores superficiais, como a pontualidade e a frequência, mas não ataca as verdadeiras causas do fracasso escolar.

O que a educação brasileira precisa, na realidade, é exatamente o oposto: inovação, modernização e flexibilização.O modelo escolar brasileiro parou no tempo. Nossas escolas ainda funcionam como linhas de montagem do início do século XX: alunos enfileirados, conteúdos transmitidos de forma passiva, salas de aula idênticas e despersonalizadas, métodos de avaliação que medem apenas a memorização. Essa estrutura engessa a criatividade, desmotiva professores e aliena estudantes.

Enquanto o Brasil olha para trás, países que investiram em escolas modernas colhem os frutos. Alemanha, Finlândia, Canadá e outros transformaram suas escolas em ambientes dinâmicos, com metodologias ativas, integração de tecnologias, salas específicas para cada disciplina e um currículo voltado para desenvolver competências do século XXI — como pensamento crítico, resolução de problemas, criatividade e colaboração.

É preciso abandonar a crença de que a disciplina militar resolverá problemas pedagógicos. Educação não é quartel. Ela exige diálogo, autonomia, espaços de experimentação e liberdade criativa. Ao invés de colocar militares nas escolas, deveríamos planejar como equipá-las com laboratórios, bibliotecas, tecnologia e ambientes de aprendizagem adequados. Ao invés de ensinar obediência cega, deveríamos ensinar pensamento crítico e participação cidadã.

Reformas estruturais, como a adoção de salas temáticas por disciplina, mais flexibilidade no currículo, maior valorização do professor e investimentos em metodologias inovadoras, são caminhos muito mais eficazes — e condizentes com a missão da escola — do que tentar impor uma cultura militar a um ambiente que deveria ser plural e acolhedor.

A escola brasileira precisa olhar para frente, não para trás. Investir em inovação educacional é a única maneira de preparar os alunos para os desafios de um mundo em constante transformação. Militarizar a escola é apenas maquiar os problemas e perpetuar um sistema já ultrapassado.Se queremos um futuro melhor para a educação pública, precisamos ter coragem de inovar, não de retroceder.