Cronicando: Caminhada

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Caminhada
Robledo Carlos é representante comercial




Quando o sol desponta, já estou com a planta dos pés no chão.

Caminho para o tempo, corro atrás do sol, paro para contemplar a lua, a contar estrelas.

Caminho sob a relva ainda com orvalho molhada pelo sereno da lua, caminho sob a relva ressecada pelos fustigantes raios do sol, esturricado pelo vento.

Vejo meus pés na areia da praia, refrescados pelo Apeliotes, o vento leste, calmo, que diz não haver tempestades e tormentas por perto.

Corro em mar revolto, de nuvens densas que impedem a luz do sol.

Caminho com meu velho All Star sob o asfalto quente e vento ao rosto a passar marchas na máquina veloz.

Pedalo no camelo sem paralamas, com pouco freio e já sem cor, com minhas havaianas com ramona na alça e desgaste no calcanhar.

Já à noite, contemplo ao Senhor de sapatos lustrados para o brilho e adoração.

Descalço, muitas vezes em espinhos que me ferem a sangrar, na constância obrigação de seguir em frente, muitas delas com tropeços.

Caminho...

Caminho nas pedras quentes saltitando como pipoca ao fogo.

Em momentos, estão a refrescar em riacho de águas cristalinas, com mordeduras de peixinhos curiosos.

Caminho...

Às vezes caminho lento, arrasto pezinhos.

Caminho no escuro, no tato, arrastando os pés no chão de encontro com móveis imóveis.

Caminho...

Caminho com lágrimas que caem aos pés.

Caminho...

Em tempos, não vejo meus pés.

ELE caminha-me.