Opinião: Homenagem aos Escritores Formiguenses

Flávia Leão (de Formiga)

Opinião: Homenagem aos Escritores Formiguenses
Flávia Leão é servidora da Prefeitura de Formiga e escritora




“Nos tempos difíceis de minha vida, rabiscar frases- ainda que nunca venham a ser lidas por ninguém – me traz o mesmo reconforto que a reza para quem tem fé: através da linguagem ultrapasso meu caso particular, comungo com toda a humanidade. Toda dor dilacera; mas o que a torna intolerável é que quem a sente tem a impressão de estar separado do resto do mundo; partilhada, ela ao menos deixa de ser um exílio. Não é por deleite, por exibicionismo, por provocação que muitas vezes os escritores relatam experiências terríveis ou desoladoras: por intermédio das palavras, eles as universalizam e permitem que os leitores conheçam, em seus sofrimentos individuais, os consolos da fraternidade”.

Esse  trecho não é meu, mas sim, de Simone de Beauvoir. Mas não precisamos ir longe para buscarmos conforto na literatura. Estou falando para uma plateia de escritores. Para profissionais que já rabiscaram ou digitaram seus segredos, que transformaram seus personagens em suas dores, que dilaceraram seus traumas em um verso. Que se desnudaram na frente de seus leitores. 

Vocês sabem quando o personagem “pede” um destino, quando têm que parar para chorar, ou para relembrar o “por quê” de a antagonista ser tão cruel e mostrar seu lado mais sombrio, e que existem forças externas surreais, astrais, espirituais, que evocam o melhor que vocês têm. 

Vocês, em algum momento, foram cúmplices de alguém através de suas obras. Quando acordamos, temos como livro de cabeceira “Meu Deus, bom dia”!, e assim, podemos ler proveitosas mensagens para começarmos bem nossa caminhada diária. Entramos no mundo PCD ao lermos “O mistério da Mata de Alpineia”, ou a coleção “Moisés no Mundo da Diversidade”. Presenteamos os adolescentes e adultos que amam quadrinhos com a obra “Refém”, ou para os amantes do rock, “Formigas de Camisetas Pretas”. E para as crianças, que tal as ilustrações feitas com Inteligência Artificial de “Hannah, a menina que amava livros”¿ Não se esqueçam também de “O peixinho que nunca viu o céu” e “Formiguinha Lulu e Tamanduá Rochinha”. E para quem gosta de causos e acasos, já leram “No Portão do Cemitério”¿ E por falar em filosofia e estudos profundos, aconselho as obras “Virtudes” e “O menino, o Servo e o Mago”.  Se quer fazer uma declaração de amor, sugiro “Akaiito”! Se quer saber que livro sua mãe ganhou quando casou¿ Com certeza, foi o da Cidinha Barbosa, que ela guarda até hoje com carinho na sua cozinha, e sempre dá uma olhadinha para ver se a receita está certa! Dilacerante, visceral também são as poesias. Procurem por “Poesias Cruas”, “à Flor da pele”, e “Cocei até ficar em carne viva”. E existe algo “Além do portão”¿ Só o Dr. Raimundo sabe contar... e sabem me dizer consigo não chorar com “Embarques, desembarques e aconchegos” e “Cartas ao Eterno”¿ São inúmeras obras fenomenais! Estou sendo injusta... não posso citar todas as mais de 160 obras aqui... 

Os livros transformam primeiramente o escritor, depois os leitores, e em seguida, o mundo. 

Vocês mudam cada leitor. Vocês deixam nosso sofrimento mais bonito, a felicidade sinestésica. Nós já fomos irmãos em sentimentos, pois vocês nos dão voz em algum momento. 

E só me resta agradecer. É por vocês que bibliotecas e livrarias existem. E RESISTEM. 

Muito obrigada!