Coluna Fotográfica
Kelvin Marden (de Formiga/MG)
FAROESTE EM ARCOS
O longa metragem Faroeste – filme do iguatamense Abelardo de Carvalho, que conta a vida e morte do lendário bandoleiro regional Luís Garcia –, teve exibição de gala para mais de 150 pessoas na Casa de Cultura de Arcos, em meados de outubro. Pela primeira vez, a exibição do filme veio acompanhada de uma rica exposição de objetos de arte, figurinos, matérias de jornais e revistas, cartazes e dezenas de fotos de bastidores. Na abertura da exposição, que contou com a participação do diretor e de alguns atores do filme, tais como Joe Bazilio (que também assina magistralmente a direção de arte do longa e interpreta o beato que encerra a participação de Luiz Garcia nesta vida); Maria Andrada (intérprete da beata Miudona); e João Evangelista Rodrigues (poeta e jornalista arcoense que emprestou seu talento à concepção do curandeiro do filme).
Ao fundo da exposição, uma tv exibia um vídeo editado especialmente para comemorar os 10 anos de lançamento do filme, ocorrido na cidade de Pains. No vídeo, além de inúmeras e belíssimas fotos de Rudji Mayal, retratando os bastidores do set de filmagem, chamou a atenção, também, dois documentários cujo tema é o próprio Faroeste. Um produzido pelo documentarista Adriano Reis (por muitos anos editor da TV Integração de Divinópolis) e o outro, chamado EU PARTICIPEI dirigido e produzido pelo Wender Salviano, onde se narra o dia em que alguns atores do filme estrearam no cinema já tendo completado 80/90 anos.
O vídeo da exposição trouxe também depoimentos dos principais atores e membros da equipe. Eles contaram como foi a experiência de se fazer uma obra tão significativa e inédita pra nossa região. Maria Andrada ressaltou a belezas dos cenários escolhidos como locações e a luminosidade escolhida, a luz natural e os efeitos que ela causou nas cenas. Por fim, agradeceu ao diretor Abelardo de Carvalho pelo convite e teceu elogios a toda a equipe.
Joe Bazilio destacou o quanto foi fantástica a experiência de atuar, posto que até então ele tinha apenas dirigido os seus próprios filmes. Ele observou também como foi gratificante pensar numa direção de arte que não seria iluminada por luz elétrica, de como conseguiu criar os climas e as ambiências adequadas. Assim foi no cenário do puteiro do filme, na ornamentação de época e, também, no telégrafo, onde tudo ganhou corpo em poucas horas e estão entre os cenários mais significativos do filme. Por fim, elogiou a fotografia de Vinícius Brum.
O fotógrafo carioca Vinícius Brum – que hoje já assina mais de 30 longas nacionais – destacou o quão diferente foi fotografar no interior de Minas, como ele mesmo recordou: na região de Pains e Formiga, apenas com luz natural, e o efeito que esta ousadia causou em sua carreira. Depois lembrou da participação de toda região pra tornar possível aquele ambicioso projeto. Do Museu de Formiga, por exemplo, foram requisitados dezenas de objetos, de Arcos e Iguatama também, além da entrega da população de Pains que se envolveu de corpo e alma nas cenas de multidão.
Por fim, Bernardo Uzeda – outro jovem carioca, responsável por assinar a edição de som e trilha sonora do longa – falou da experiência desafiadora e gratificante que foi assumir aquele projeto. Pois não existia som direto e ele teve que refazer todo o som em studio, o que é muito mais trabalhoso e geram custos adicionais. Elogiou, também, a ideia das dublagens. Ele viu, ali, uma homenagem a estes grandes profissionais tão pouco valorizados e falou nos desafios que o cinema independente brasileiro sempre enfrenta e como o diretor do filme lidou com eles, transformando-os em virtudes, com as soluções encontradas, criando conceitos que agregaram valor ao filme, ao invés de trazer limitações. Falou ainda da trilha sonora original, ao ressaltar a liberdade que teve de criar, sempre trocando ideias com o diretor. Ressaltou, ainda, como a parceria fluiu e como a experiência rural do diretor serviu para nortear um universo sonoro mais condizente com o ambiente original do centro-oeste mineiro.
Aos que compareceram à abertura da exposição, foi oferecido um farto coquetel temático com paçoca de carne, broinha temperada, garapa, cachaça e café com rapadura.
Texto e fotos: Rudji Mayal