Crônica: AMANHÃ
AC de Paula (de São Paulo)
Quem fala mas não escreve se acautela e não se atreve, deixa a escrita de molho, sabe que vale o escrito, deixa o dito por não dito protegido no ferrolho.
Quem escreveu mas não leu, por certo não absorveu o contexto da escrita, e o juiz absolveu, fundamentando o julgado de forma clara e irrestrita.
Opiniões são diversas, coerentes ou indiscretas, pertinentes ou banais, mas observando os princípios, sempre haverá os indícios, as dicas e os sinais. Um caminho diferente, segue o poeta, ciente, desta sua ousadia, podem achar absurdo, mas na verdade vale tudo, para se escrever poesia.
Na tal viagem da vida uma coisa nos revolta, saber quando é que vem, não saber quando é que volta. Melhor conservar o foco, sem melindres, sem receio, observar que o copo é meio vazio ou meio cheio. É preciso adaptar-se às nuances do cenário, pois as cores são diversas e os motivos são vários.
O tempo é certo, não para, segue célere, veloz, por isso fale o que pensa, não cale no peito a voz. Palavras soltas ao vento conservam sempre o poder, cuidado com o que fala, para não se arrepender. Mais vale a forma, o jeito de falar o que se quer, e não pense que é defeito, censura nem preconceito, é apenas um preceito ou aviso, se quiser. É possível ver beleza na ciência e na arte, nas coisas da natureza, no espaço, por toda parte.
O tempo passa e a gente aprende, hoje a discussão não me apraz, melhor do que ter razão, é preservar a minha paz. Pouco importam os critérios, de ordem e de julgamento, pois ninguém sabe dos mistérios que povoam o pensamento. E o poeta já disse que a esperança nunca é vã, e é preciso urgentemente conservar a mente sã, pois um dia, simplesmente, não haverá o amanhã.