Opinião: Conexão Maracutaia - cap. 3/4

AC de Paula (de São Paulo)

Opinião: Conexão Maracutaia - cap. 3/4
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Antes mesmo de assistir ao filme “Uma linda mulher” Shirley jamais beijou um cliente, faz tudo e qualquer coisa capaz de levar um homem às raias da loucura mas beijar não faz parte do seu cardápio. Não que ela acredite em contos de fada modernos em que os príncipes encantados são executivos cavalgando limusines brancas, mas do privilégio dos seus beijos só quem desfruta é o Dr. Solano.

A morte do doutor Pedro Caio em circunstâncias misteriosas causa verdadeiro reboliço na vida de todos aqueles que de uma forma ou outra tenham qualquer ligação com o empresário, é o caso de Raimundo, de Valdete, namorada de Severino que apresentou Raimundo ao agora falecido magnata, e de Shirley, a confidente de Raimundo, que sabe de coisas que ninguém podia saber.

No entanto nada passa despercebido ao faro de Castilho, o policial persistente e diligente encarregado da investigação, que descobre que Lima, o simpático engraxate da praça e fanático por jogo de bicho, anotou os números da placa do carro que seguia o carro do empresário no dia do acontecimento.

Do radar do investigador Castilho não escapou nem mesmo dona Odete, a simpática senhora viciada em pizza que vive lendo romances e livros policiais que desconfia sempre que onde tem dinheiro também tem a mão da máfia, mas que com toda a sua esperteza não sabe que a filha Zélia, secretaria executiva da holding do empresário morto, mantinha com o patrão, que era casado, um romance de proporções explosivas que lhe proporcionou a realização de muitos sonhos que agora parecem se transformar em pesadelos, começando por não poder esclarecer de onde vieram os milhões da sua conta bancária.

Zé do Pinote, amigo de infância de Shirley, é o guardião do seu segredo e nutre por ela uma paixão platônica,  ex-interno da Febem - Fundação Estadual dos Bem Esquecidos de Maracutaia, ninguém desconfia que ele seja o informante do investigador Castilho, que analisou e cruzou todas as informações recebidas e sabia exatamente da situação de cada um dos envolvidos com o empresário, e se preparava  para encerrar o inquérito, apontar os culpados e solucionar o crime. Ninguém soube informar qual autoridade superior o convocou, mas foi visto pela última vez saindo da delegacia levando a pasta azul com o relatório onde se entrelaçavam os elos das investigações. Continua.