Crônica: Rio Formiga
Robledo Carlos (de Divinópolis)
E o rio transbordou e trará mais peixes e fartura pra gente, observa o incauto à margem.
Nas paragens agora com grande carga de sedimentos ricos para plantio.
Do rio tudo se espera. Quando até mesmo em fúria, devolve o que lhe fora atirado em total descaso à gratidão.
E desceremos em barcos a deslizar sob frondosas sombras gentilmente doadas pelos ingás, mansamente a espera de peixes e diversão.
Dele tudo se espera, dele se espera a jovialidade e clareza de outrora, mas ele à espera ausente.
Ele grita, ele chora!
Redemoinho de lixo a bailar em curvas infestadas de plástico e esgoto.
O incauto observa, do rio que desce, chorando, minguando em lágrimas turvas.
Adeus as cantorias de lavadeiras em embalos sobre sova em pedras, adeus biguás, marrecos e paturis, piabas e mandi.
Constrói a casa em barro fétido o João de Barro e na margem sem sombras, o incauto da descarga em sua linda casa de vidro.