Opinião: Pro amanhã

Robledo Carlos (de Divinópolis/MG)

Opinião: Pro amanhã
Robledo Carlos é representante comercial




Quando mais não quero meus cabelos em aprume, o laquê é lixo.

E pra quê?

Não vou me barbear, quero ficar do jeito que sou!

E foda-se a toalha molhada sobre a minha própria cama que nem deixo.

Deixe-a.

Deixe-a para que sinta raiva de si mesmo.

Caralho!

Você não pode ficar puto, entornar o café na toalha nova que você comprou e tem ainda a merda de quebrar a xícara de alça azul, que foi a tia da sua vó que deu de presente pra sua mãe, que nunca bebeu nessa porra dessa xÍcara, esperando uma merda de uma visita que nunca vem e eu ainda tomando café nessa desgreta de xícara sem asa. Puta que pariu.

Vontade de ficar febril pra ganhar uma maçã enrolada em um papel roxo e de desgosto ter de deixar o  peito do frango pra minha prima.

Domingo tem coca-cola e macarronada.

Fiz baianinha de tricô pra minha mãe usar na casa nova dela.

Fiz suporte de palitos de fósforo no dias das mães!

Morreu.

Vou me rebelar no natal se houver salpicão.

Vou beber leite com manga e à noite comer banana.

Morro cedo.

De mim nem viu, mesmo que quisesse.

A minha mãe queria esse futuro, a baianinha, o jogo de xícaras, a casa nova, os filhos, os netinhos.

E dou ordem a meus olhos para que parem de mentir para o meu  coração, gente ruim se vê é com os olhos, às vezes fedem, mesmo com perfumes importados!

Eu…

Vai a puta que pariu!