Crônica: Tempos de caminhos

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Crônica: Tempos de caminhos
Robledo Carlos é representante comercial




Eu caminhava despercebido.
Literalmente tão só.
O caminhar era de mim.
Mas tinham muitos comigo em minha transparência despretensiosa.
Eu segurava em mãos pequenas, de frases doces, aromas de manhãs, eles estavam ali, meus anjos.
O caminho era longo, talvez eu tenha errado em algum ponto, em alguma encruzilhada eu tenha me perdido, mas ainda eu os tinha em minhas mãos.
Em muitos momentos, eu nem sabia o caminho, e na dúvida, para tentar pedir a Deus qual seria a direção, parado, em ermo estado de solidão, eu olhava para as minhas mãos e em cada uma delas, tinha uma criança. Ao olhar, via as mesmas dúvidas dos dois pequenos, que eu arrastava, eles buscavam em mim e eu em Deus.
Em silêncio de curvas e minhas frias mãos, as pequenas mãos me aqueciam.
E de tanta solidão e angústia, eu me perdi de mim nessa imensa dor.
Seguia a estrada entre brisas e relâmpagos de felicidade.
Um raio talvez de clareza me guiava, sempre em tempestades.
Quando pensava em meu esforço e minhas limitações, eu herege, bêbado, triste, desiludido, algo me dizia que eu ainda tinha forças, eu sabia que não era mais capaz, era o meu limite, já não suportava a canga do Carreteiro. Mas daí, Ele me mostrava o caminho, eu rude e Ele doce comigo, ainda na estrada, agora eu até canto de feliz.
O Carreteiro observa-me.