Cronicando: Rei Ambrósio
Robledo Carlos (de Divinópolis/MG)
Quilombola destemido
fez de Ambrósio, o africano,
grande líder soberano
desse estado carcomido
e governo corrompido
num total de quinze mil
de negro forte e viril
e no morro das balas
distante das senzalas
montou guarda senhoril
Luanda, Cazanga e Paiol
Candoguinha e Mandengo
nem tão pouco relego
mas pra preto era farol
unidos em buscas de sol
juntos eram mais fortes
e Ambrósio era seu norte
em buscas da liberdade
de sonhos já tão tarde
mas nada fácil pra morte
Foi então que resolvera
por fim nessa história
Gomes deu tal incumbência
pro capitão Oliveira
por fim nessa trincheira
sem risco da Coroa
limpando toda nódoa
haveria então de tombar
Ambrósio sem exitar
do lajedo sangue escoa
Foi assim terrível dia
aço frio e bala quente
fumaça e ranger de dentes
no final da noite fria
nem gemidos não se ouvia
mortos pra todo lado
tudo havia consumado
Teria mesmo Ambrósio
deixado espaço vazio
de seu povo ouvir seu brado
Foi então a narrativa
dos anais da epopeia
dessa história que semeia
tão façanha criativa
das lorotas evasivas
quando sucumbiu Ambrósio
de outros tempos idos
manchado a pedra pra sempre
de sangue e aguardente
do guerreiro prodígio