Cronicando: Toca da Onça

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Toca da Onça
Robledo Carlos é representante comercial




Escrever no papel de pão, amanteigado, sem ilusão, nem me iludo em papiros nobres, vamos de velhos de traças.

Queria em caixas de maçãs guardados sem cadeado, mas com zelo.

Amarrados em barbantes de volumes de caixeiro viajante.

Folhear sob luz tênue com dedos umedecidos de lágrimas.

Nem se  preocupe, não falarei sobre nós nem de amor, é só mesmo saudade de quando estávamos juntos,  ríamos de pequenas bobagens.

É passado.

Que grite o carteiro até emudecer de cansado a minha busca que não virá , finjo de morto, morto que já sou.

Guardarei o que resta entre papeis de chiclete Adams, sabor framboesa 

preferido de nossos beijos.

Pensando bem, se quiseres, me escrevas, só caso queiras.

É que bateu uma saudade distante, sei lá onde ela estava, mas estava num canto quase intocável, guardado a sete chaves.

Eu quero, disse eu.

Meu coração tem saudade de você,  manda um beijo para você.

Aqui tá tudo bem, comprei o LP novo dos Beatles.

O ipê floriu, parece feliz.

Ainda tenho o guardanapo com seus lábios.

A rosa que você me deu, guardei entre as paginas do livro, manchou meu Herman Hesse, a mancha tem um formato de um corvo, mas o caule eu plantei e brotou, logo irá florir..

Ontem ouvi a nossa música " The Millionaire", ouvimos,pela primeira vez na Toca do Onça ,e ainda lembrei-me de sua blusa cacharrel mostarda.

Mande um beijo para a sua mãe e para seu filho.

Bom, tenho que ir.

Despeço-me carinhosamente e cheio de saudades.

Feliz 2024

Do seu que nunca fui.

(Rasgue ao ler)