Opinião: Certos dias
Ana Pamplona (de Formiga)
São difíceis, bem o sei.
Pesam toneladas para ti.
Teus sonhos lembram
neblinas dissipando.
Sei que choras solitário,
ao peso da provação.
Sei que te sentes fracassado
ante as escusas do mundo,
descartado e incompreendido
pela multidão incólume.
Tudo parece ruir
como nas implosões
dos edifícios condenados...
Certos dias,
nestes mesmos dias,
observa a natureza,
a tesoura que faz a poda violenta.
A planta renasce soberba
e altiva depois de cortada.
Assim deve ser tu.
Aceita o corte,
no entanto, ativa tua flexibilidade
e a tua vulnerabilidade.
No entanto, para isso,
tens de levantar-te!
Renasce agora!
Ergue-te antes que o sol se ponha
Não te detenhas
no solo fétido da acomodação
Volta que a vida te espera!