Opinião: Livro, broto desafiador

Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho

Opinião: Livro, broto desafiador
Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho é advogado. (luizgfnegrinho@gmail.com)




Por que um livro? Diria em resposta uma criança de poucos momentos de vida: “Porque sim!”

Um livro é como vida que emerge do nada rumo ao desconhecido. Daí o “porque sim”, extraído da inocência de uma alma que surge ao mundo e, aos poucos e continuamente, vai seguindo estrada afora. Ou, no dizer de um barqueiro de conspiradas e expectantes pescarias, empreende jornada rio adiante, sem saber ao certo para onde vai e o resultado e produto de sua realização. O que importa é o feitio e a caminhada a seguir e ser contemplada. O adiante é que conta.

E como embrião ou recém-nascido, até mesmo semente de árvore em projeto de evolução, não há muito o que esperar a não ser o amor a ele dedicado por obra de quem o criou.

O livro é como filho que se põe no mundo e para o mundo. Não propriamente para apreciação generosa de outrem. Dele pouco se almeja a não ser felicidade e bem-estar. Orgulho e vaidade se bastam na concepção. Já nasce feito, para ser amado, amparado, afagado, com o ardor e afeto que a ele se pode imputar. Não se guarda e nem aguarda outra destinação.  

E pouco importa a compleição física: alto, baixo, magro, gordinho. Não. A isto pouco se dá. Massa corporal é dispensável.  Tormentoso, a essa altura, é a não existência do filho querido. Se portador de salomônica beleza ou limitações de um ser especial. Nada disso conta. Ele é. Existe. E é amado. Na inteireza de um familiar espetáculo, mais que amado. Da forma como é e foi concebido.

Bendito seja. Venha como puder. Seja bem-vindo. Ouse o quanto quiser. Com ou sem os belos vitrais de coloridos modos. Mas, simplesmente, venha. E marque presença. O primor de quem o fez e construiu já lhe consagra por inteiro. E, por si, é o bastante.

PS: Para Sérgio (SELF), ele que num dia 20 de junho, fim de outono e início de inverno, tornou-se a mais grata e comovente história de amor e esperança que a vida me fez relatar.