Os animados não desanimam

por aí uma lista de pré-candidatos a uma vaga na Câmara Municipal de Formiga que tem chamado a atenção. Quem vê a galeria de postulantes, a princípio, acredita ser uma enumeração de aberrações, mas não é.

Em um tipo de papel de pão amassado e cheio de gordura de manteiga, escrita com tinta de caneta azul borrada, uns trinta nomes de personalidades que enfeitam redes sociais, entidades de classe e colunas sociais são enfileirados de baixo pra cima possibilitando que o leitor fizesse na frente uma marca como as dos antigos apontadores de jogos de vôlei: com quatro votos formava-se um quadrado e o quinto, na diagonal igual a camisa do Vasco, fechava-se a série e começava-se tudo de novo em uma nova levada. Um empresário passando aos 90 anos na frente, uma esposa na vida de um rico fazendeiro, que se auto-intitula a verdadeira representante do agronegócio e que se orgulha de nunca ter tipo a paciência de ter lido um livro até o fim, em segundo e uma outra senhora que foi criada em família católica, que foi espírita, que teve seus momentos de ateia e que agora, lá pelos 60, se diz obreira em uma igreja daquelas que tem programa de televisão, em terceiro.

Naquela bola de papel de bolso de bêbado, mais uns 15 nomes, todos selecionados deixando claro que o critério foi o exotismo observado pelo organizador. Um xerox foi enviado à redação como missiva de um assíduo leitor, que esperava repercussão negativa à curiosidade.

Fazer previsões políticas, enquetes e apostas sempre foi comum na política formiguense. Criticar e ridicularizar “quem quer chegar lá” por não se enquadrar no que alguns consideram “normalidade” acaba chamando a atenção de muita gente, as gargalhadas são comuns e os experientes analistas desembainham as suas cornetas para dar eco aos seus preconceitos.

As eleições estão aí e quem vota pode ser votado. Os que agora são pré-candidatos passarão a candidatos e, se tiverem votos, a vereadores. Um dia, todo mundo vai tomar consciência de que os animados nunca desanimam.