A apreensão que vem do Sul
Nesta semana, foi notícia com destaque em todo o mundo a devastação do estado do Rio Grande Sul por causa da chuva. 414 municípios, de um total de 497, foram afetados; mais de 110 pessoas faleceram e mais de 130 estão desaparecidas; os feridos passam de 400. Isso, só até quinta-feira.
A maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul continua resultando em números assustadores, que refletem a gravidade das enchentes que assolam o estado.
De acordo com boletim da Defesa Civil estadual, 230,4 mil pessoas estão fora de suas residências. Desse contingente, 66,7 mil estão acolhidas em abrigos e 163,7 mil são consideradas desalojadas (hospedadas em casas de familiares ou amigos). O Rio Grande do Sul conta com 1,4 milhão de pessoas afetadas, de alguma forma, pela tragédia, de acordo com as autoridades locais. Os meteorologistas explicam que a catástrofe é resultado de fenômenos que afetam a região que foram agravados pelas mudanças no clima. E a tendência é de piora por conta da previsão de mais chuva.
O fenômeno é resultado da junção de diversos fatores. A onda de calor localizada na região central do Brasil com alta pressão atmosférica leva à formação de ar seco e quente, que acaba por bloquear a passagem das frentes frias para o norte do país. A atmosfera e os oceanos estão mais quentes, produzindo vapor adicional para formação de nuvens chuvosas.
O que aconteceu e está acontecendo com os gaúchos leva a reflexões: Formiga estaria preparada para catástrofes? A resposta é simples: nem Formiga nem lugar algum.
O que se imagina é que grande parte da cidade está muita acima dos níveis dos rios Mata-Cavalo e Formiga, então, teoricamente, só quem está nas marginais seria afetado. Pura ilusão, se os rios subirem apenas dois metros além de sua cota máxima, bairros como o Engenho de Serra, Quinzinho, Quartéis e todo o Centro seriam levados pela lama. E os outros bairros, expostos a deslizamentos e desmoronamentos.
Para fenômenos tão agressivos como os que devastaram os pampas não há contenção possível, não há barricadas nem Defesa Civil treinada e eficiente. Nada adianta. O que se faz premente é um estudo global e medidas eficientes que possam impedir que as ações do homem não sejam responsáveis pela extinção do próprio homem.