Crônica: Barão, o empresário de futebol

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: Barão, o empresário de futebol
Manoel Gandra é poeta e jornalista




Figura queridíssima em Formiga é Carlos Roberto Santos, o Barão. Aquele mesmo das agências de turismo, o homem das viagens internacionais.
Barão saiu da Cidade das Areias Brancas ainda jovem, foi tentar a vida em Belo Horizonte e, quando notou, já estava em Nova Iorque, ao lado das torres gêmeas (quando elas ainda existiam).
Na terra do Tio Sam, o jovem aprendeu sobre negócios e que, com entusiasmo e criatividade, qualquer ramo de atividade poderia se transformar em uma lucrativa fonte.
Assim que voltou para o Brasil, meados dos anos 90, Barão se tornou olheiro de futebol. Via como um negócio de grandes oportunidades.
Saiu pelos campos de várzea de Formiga e acabou encontrando dois garotos que batiam uma pelada no Campo do Estrelinha, no Engenho de Serra. Deu logo um jeito de marcar um teste para eles no América Mineiro, em Belo Horizonte.
Ficou tudo certo, falou com os pais e marcou a data. Só que, no dia, Barão não pôde ir. Teve de contratar um motorista do Bairro Água Vermelha para dirigir seu carro e levar os meninos. Apesar de velho de profissão, o cara nunca tinha dirigido em BH.
Aconteceu a viagem. A escolinha do América manda o resultado: os dois reprovados.
Passado um mês, o Carlos Alberto está tranqüilo em sua residência, quando recebe a notificação de três multas de trânsito. Todas por excesso de velocidade. A data era a da ida a Belo Horizonte.
Furioso, Barão correu à casa do motorista e perguntou o que houve. Meio sem graça, o senhor explicou:
__Uai, seu Barão, teve nada de errado não. Eu só notei que lá tem uns sinais que ficavam piscando muito, aí eu apertava o pé para não pegar o sinal fechado, senão a viagem demorava.
O coitado do motorista não conhecia os pardais, que são aqueles radares que marcam a quilometragem e ainda fotografam as placas dos carros. As multas passaram de R$500,00.
Barão nunca mais quis saber de futebol.