Crônica: Espelho cognitivo

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Crônica: Espelho cognitivo
Robledo Carlos é representante comercial




Quando em frente ao espelho me ofusco
Restam os olhos verdes de cores mortas
Forço em sombras de luz de pestanas
A saudade do novo em tempos que busco

Aproximo em foco o cheiro de velho
Retorno a esticar minha pele rude
Alcancei nas últimas belezas que pude
De restos saudosos de tempos tão belos

Mas é um olhar de gratidão
Visto de dentro pra fora
Vem suavemente em brisas
Ouvindo minha alma cantar ao coração

Me ajeito assim como posso
as pálpebras fazem sombras à visão
Quando enxaguo meu velho rosto
 Do poço, aquele menino pedindo a mão

Percebo a beleza do lado de fora
Das conquistas a quem fitou
Queria ter hoje na pele com rugas
A imagem da amada em tempos de outrora

É preciso enxergar em tempo de hoje
Das angústias e dores de ontem
Que na verdade nem tudo que vês
São certezas suas que são flores