Cronicando: Sapatos, são só sapatos
Robledo Carlos (de Divinópolis)
Demonstro desnudo, encardido os pés que me levam em silêncio.
O desconforto é pisar na lama e adentrar com os mesmos sujos!
Olhos alheios condenam meu descalçar caboclo, eu, meio que alheio do desdém de teus olhos!
Vim correndo, pra chegar aqui, eu corri pela areia fresca da praia, o vento batia em meu rosto e deixou meus cabelos em desalinho, vim chutando as ondas que me agarravam pelos pés querendo brincar.
Eu corro e ouço meus passos responderem em contato com a terra vermelha!
A grama sorri e me faz cócegas entre meus dedos!
Todos olham para meus pés, nem tento escondê-los, até a minha mãe.
- Vai lavar esses pés, e vá dormir menino!
Nessa noite, eu sonhei com sapatos!