Crônica: Lágrimas!

AC de Paula (de São Paulo)

Crônica: Lágrimas!
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Perdi as contas dos tombos que levei, mas sou cada vez mais grato pelas vezes que me reergui.  Recomeçar é só para os fortes que teimam em acreditar!  Jamais tenha como guia o espelho retrovisor, não há surpresas no passado, por isso viva a certeza do hoje, pois pode ser que o amanhã seja apenas um talvez!
Mas o jogo só termina depois que o juiz apita, e por favor não repita os mesmos erros de sempre, use a imaginação, encontre erros novos, é procurando que se encontra, é caminhando que se cansa.
É aos trancos e barrancos no andar da carruagem que quase tudo acontece, porém se não lhe apetece pensar em aventurar, quede-se num canto calado, tristonho e amargurado, boca fechada não fala besteira.
E vem descendo a ladeira o coro de lavadeiras que entoa em uma só voz o refrão da ladainha.
Bruxa ou fada madrinha é só questão de opinião, de prisma, ponto de vista, e quem derrapar na pista jamais vai ver, acredite, nem Vênus e nem Afrodite, essa vida é labirinto e o destino é minotauro.
A minha fé eu restauro nessa tal humanidade, não vou morrer de saudade, de tédio, ou coisa assim. Uma vida sem boleto é utopia, quem me dera, e as cores da primavera ornamentando os jardins.
Chutando estrelas caminho, pétalas, flores, espinhos, caras, caretas, carinhos, sem mistério e sem miséria, sem cautela, sem juízo e sem razão.
Na hora do tira teima quem pode mais chora menos, sem melindres e sem receios, pelos cantos, pelo meio, sem temores e sem grilo, que rolem lágrimas sagradas, de chuva ou de crocodilo.