Crônica: Muito Além!

AC de Paula (de São Paulo)

Crônica: Muito Além!
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Muito além de não sei onde, depois da curva do vento, além do túnel do tempo, brilha o sol de um novo dia e se um novo amanhã acontece, de repente a gente esquece, da incerteza que havia.
Se há alguém que acredite que pra tudo existe razão, sabe o quanto vale um sonho, quanto vale uma paixão.
O certo por linhas tortas, o rio correndo para o mar, a sorte batendo na porta, trazendo azar para o azar, meio sem pé nem cabeça, porém não esmoreça, antes que algo aconteça é melhor remediar.
Mistérios silenciosos nas dores de um lamento, poderes misteriosos aflorando sentimentos.
Há flores pelos caminhos, siga a rota das cores e jamais guarde rancores, mas cuidado com os espinhos do amor e seus ardores.
Questão de ponto de vista, o feio pode ser belo, se o seu problema é um prego, a solução é um martelo, água mole em pedra dura, a lua branca no céu, o cravo na ferradura, a tampa do pote de mel, creio no Espírito Santo, por todos os santos eu juro, e no encontro das paralelas na incerteza do futuro as palavras aleatórias e sem sentido talvez, só pra contar uma história, passar o tempo, e agora dizer que tudo tem hora, tudo tem a sua vez.
Dobrei o cabo da boa esperança, hoje navego em aguas mansas, já não me apraz a tormenta, coração já não aguenta a montanha russa das emoções.
Pra que forçar a natureza se a verdade e a certeza feito água cristalina, hoje me embaça a retina na rotina do tempo que se esvai, e o que passou já era, o que virá é o anzol da interrogação.
Há de se envelhecer, mas sem perder a candura, e embora a vida seja dura é importante sonhar, ao menos os sonhos não envelhecem.
No rosto, as marcas, as rugas, melhor esquecer as rusgas que houveram outrora, viver o aqui e o agora é necessário e vital.
E os cacos coloridos dos do vitrais da existência não oferecem resistência à luz que o sol irradia.
Felicidade não se adia e nem se deixa para amanhã, nenhuma esperança é vã, toda tentativa é válida.
Quem sabe o caminho certo não acha longe nem perto. Noite escura ou céu aberto, navegar não é preciso, ponha na cara um sorriso, mas viver é melhor que sonhar, assim falou o poeta.
E pelo prisma do esteta o certo por linhas tortas não é errado nem certo, no fim do túnel é o deserto, absoluto ou relativo, alienígena ou nativo, a procedência pouco importa, quem vem lá? quem bate à porta?
Quem o souber me responda, e por favor não se esconda, nada é o que parece, e se o silêncio é uma prece, vá devagar, não se apresse, nem reze pro santo errado.
Se um novo dia amanhece, a gente quase se esquece do dia que já passou, tudo é assim, passageiro, fama, beleza, dinheiro, sonhos, e as juras de amor.
E se acaso não concordes, melhor será que acordes, ora, faça-me o favor, a história só é contada como a quer o vencedor!