Crônica: O acidente
Manoel Gandra (de Formiga/MG)
Há uns dois anos, o radialita Claudinê dos Santos viajou para São Paulo pela Viação Campo Belo e por lá ficou três dias.
Quando retornava a Formiga, doido para voltar a seu programa matutino pela “Divinal-FM”, Claudinê nota que o ônibus, lá pelas bandas de Rodrigues, começa a parar. Sem saber o que estava acontecendo, o radialista vê que um policial militar fala para o motorista algo sobre um grave acidente.
Muito afoito, ele não quis nem saber de detalhes. Pegou o celular e correu para ver a tragédia e transmiti-la ao vivo.
A fila de carros era grande. Claudinê corria e tentava ligar o celular ao mesmo tempo. O aparelho saía de área, ele levantava o braço, o celular ligava, ele baixava, saía de área. Foi uma peleja, até que o celular pegou. Quem atende é a locutora Cláudia França, que logo coloca Claudinê no ar.
Ao chegar bem perto, o radialista não consegue ver nada. A quantidade de gente era grande e, por azar, a equipe de basquete do Formiga Tênis Clube, que voltava de um campeonato em Perdões, tinha parado antes. Aqueles caras de dois metros atrapalhavam a visão.
Muito inteligente, Claudinê encontrou uma maneira eficiente de abrir caminho:
__Deixa eu passar gente, eu sou parente da vítima. Deixa eu passar gente, eu sou parente da vítima...
E todo mundo vai deixando. Quando chega bem perto, Claudinê leva um susto: um caminhão do Expresso Wilson tinha atropelado uma vaca, que morreu na hora. Muito sem graça, Claudinê foi tirando o celular de perto da boca:
__Vai cair a ligação... vai cair a ligação... alô!... alô!...
Claudinê deu uma despistada, saiu de fininho e voltou para o ônibus.