Crônica: Máquina de Coca-cola

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: Máquina de Coca-cola
Manoel Gandra é poeta e jornalista




No jogo de sinuca do Country Clube nas manhãs de sábado, Stanley e Stênio Lasmar são conhecidos como os Irmãos Cravinho (matam demais). Simpáticos e agradáveis, os jovens não têm nada a ver com os delinqüentes que geraram o apelido. Filhos do Seu Amim e da Dona Ruth, eles são sinônimos de paz, paciência, tranqüilidade e calma.

Muito modernos, Stanley e Stênio sempre estiveram à frente quando o negócio é tecnologia. De parque de diversões a casas de Lan House, conhecem de tudo. Não perdem novidade.

Lá pelo início dos anos 90, os dois batendo papo com o professor Marco Aurélio Machado ficaram sabendo que Formiga já tinha máquina de Coca-cola, ela estava instalada ao lado da escada principal da Faculdade e era o bicho.

Não perderam tempo. No mesmo dia foram os dois conhecer a belezura. Chegaram e se encantaram. O negócio parecia um congelador vertical com uma porta de vidro, estava cheiinho de Coca-cola, de Fanta e de Sprite. No lado direito tinha um buraquinho onde deveriam ser colocadas as fichas. As latinhas caíam em um cestinho embaixo.

Stanley foi à cantina e pediu fichas para a Dona Maria da Conceição que estava no caixa. Ela já tinha trabalhado na casa da Dona Ruth, e Stanley a conhecia bem.

__Ceição, me vê duas fichas da máquina de Coca. Uma pra mim e outra pro Stênio.

__É pra já.

Passados uns cinco minutos, Stanley volta.

__Ô Ceição, me dá mais cinco fichas...

__Na hora.

Outros cinco minutos e Stanley volta:

__Me dá mais dez fichas, e bem rápido, Ceição.

Intrigada, Dona Maria da Conceição quis saber o que estava acontecendo.

__Mas pra quê isso tudo de ficha...?

Stanley colocou o queixo no peito e olhou por cima dos óculos dando uma de esperto:

__Cê acha que enquanto a gente estiver ganhando a gente vai parar...?