Crônica: Campeonato de basquete

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: Campeonato de basquete
Manoel Gandra é poeta e jornalista




Em 1975, a equipe infantil de basquete do Formiga Tênis Clube, que tinha no comando o competente Pavão, foi disputar uma etapa do campeonato mineiro em Belo Horizonte.

Faziam parte do time nomes conhecidos da cidade, como Michel Khouri, Xandico, Eduardo Carvalho, Peninha, Ranieri Ribeiro, Willian Batista, Norberto Pieroni e Flavinho Porto.

Tudo pronto, tudo certo, a equipe sai de Kombi de Formiga por volta das cinco da matina. Chegam à Federação Mineira de Basquete (FMB) às 9h30 e vão se alojando. Como nunca tinham ido a BH, Norberto e Flavinho logo se encantaram com os inúmeros arranha-céus da cidade.

Como o almoço estava marcado para o meio-dia, Norberto e Flavinho pediram a Pavão para darem uma voltinha no quarteirão.

__Cuidado com os trombadinhas, não atravessem as ruas e meio-dia em ponto aqui para o almoço, recomendou o técnico.

Tudo era novidade: as vitrines, os táxis amarelos, o movimento das ruas. Ao passarem perto de um corredor, a grande novidade: fliperama, uma evolução que acabava de chegar ao Brasil. Entraram e se encantaram... o tempo foi passando... Quando já era mais de uma da tarde, eles voltaram correndo para a sede da FMB. Pavão estava espumando de raiva.

__Cês querem me matar do coração, seus irresponsáveis??!! Olha aqui, se vocês quiserem almoçar, terão de comprar um prato-feito, porque aqui a comida já acabou...

Sem graça, Norberto e Flavinho saíram e pouco tempo depois apareceram com um prato colorex cada um.

__Ô Pavão, aqui não tem Bazar Guri. Esses aqui servem?, perguntou Flavinho tirando os pratos, por sinal muito bem feitos, de uma sacola de plástico.

Na mesma hora foi uma gozação total e Pavão, morrendo de dó, acabou pagando um pão com salsicha e molho para os meninos em uma barraquinha que ficava na calçada perto da esquina.

O consolo foi que cachorro-quente, naquela época, também era novidade.