Crônica: O guarda-chuevas

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: O guarda-chuevas
Manoel Gandra é poeta e jornalista




O brasileiro é fanático por futebol. E o formiguense em geral, principalmente membros do Poder Legislativo, não pode ver uma bola. 

Em 1982, uma turma de empresários resolveu ir à Espanha para acompanhar a Copa do Mundo. Dentre eles, estava um conhecidíssimo ex-vereador doido pelo esporte (este conheeece!!!).

Dizem que assim que a turma se acomodou em um hotel em Madri, o político formiguense quis liderar a comitiva em um passeio pela cidade. 

__ Cê tá doido? Entre nós não tem ninguém que fala espanhol. A gente vai se perder, disse um funcionário público de Lagoa da Prata, que acompanhava o pessoal das Areias Brancas.

__ Tem problema não. Aqui é uma avenida e a gente vai caminhando. Quando chegar lá na frente, a gente volta. 

E lá foram o vereador, outros dois formiguenses e o lagoa-pratense. Quando já tinham caminhado mais de meia hora, ouvem um estrondo. Olham para o céu, os raios são muitos, um pé d’água estava para cair.

Foi aí que o ex-vereador teve a magnífica idéia de entrar em um mini-shopping para comprar um guarda-chuva (que em espanhol se chama paraguas). Pior: tinha de ser um guarda-chuva automático. Ele entra em uma loja com seus amigos e vai logo fazendo o pedido: 

__ Eu queria um GUARDA-CHUEVAS...

O balconista não entendeu nada. 

__ Muchacho, queremos um guarda-chuevas...

Sem saber como bem atender aos brasileiros, o balconista se vira para o gerente da loja e pergunta:

__Que habla este hombre?

__ Que abla assim, apertando lo boton, disse o vereador apertando o pelegar na dobra do dedo indicador.

O pessoal caiu na gargalhada. Ninguém conseguiu comprar nada e todo mundo voltou na chuva para o hotel.