Crônica: Sinuca de Bico

AC de Paula (de São Paulo/SP)

Crônica: Sinuca de Bico
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




A sorte estava lançada, na verdade mesmo era até incoerente chamar aquilo de sorte, a situação estava mais para muito pelo contrário. E bota muito nisso! 

Mas afinal ele sabia que viver é sempre correr perigo, que essa vida é um bumerangue e que tem dias que de noite é assim mesmo.

E por favor não torça o nariz para essas frases clichês, tipo assim lugar comum. A vida de verdade sem fantasia e cravejada de realidade, prima pela simplicidade, assim falou o poeta. 

E se nenhum poeta falou, eu estou falando agora, e fica o dito pelo agora falado. 

Não se faça de rogado e para não chover no molhado vou parando por aqui. 

Antes, porém, no entanto, para não quebrar o encanto de um mistério possível, ou de um provável desencanto, melhor que eu cale o meu canto e fique aqui no meu canto só pra ver no que vai dar. 

Pode até não dar em nada, mas tenho a alma lavada só pelo fato de tentar. 

Mas voltando à vaca fria, se algum mistério havia eu não lhes posso dar conta, pois dizem até que quem conta tem tendência em aumentar. 

E como tudo por aqui, dizem, de sul a norte, anda pela hora da morte é melhor não vacilar. 

E voltando ao assunto do preâmbulo ou do começo, como bem eu me conheço, vejo por bem alertar que às vezes falo e não penso, outras, falo sem pensar, e comecei este texto sem saber no que ia dar. 

Deu nisso!