Opinião: Artista Independente

AC de Paula (de São Paulo)

Opinião: Artista Independente
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Artista é toda pessoa que trabalha criando arte, e vejo por bem esclarecer, qualquer tipo de arte. A criatividade é a mola propulsora da atividade artística. Independente, nos diz o dicionário, é um adjetivo que significa que a pessoa não depende de ninguém, age com autonomia, não se submete aos desmandos de outrem, exerce sua atividade de maneira própria, sem qualquer vínculo, sem submissão, autônomo, e outros tantos adjetivos que lhes são atribuídos.

No entanto é exatamente ai que mora o perigo, a porca torce o rabo, a conta não fecha, e para cúmulo do contrassenso, ao menos aqui no país tropical, artista independente é aquele que depende da boa vontade de todos e de tudo, respectivamente, e via de regra, tem apenas dois credores; só deve pra Deus e o mundo.

Sabem bem disso os escritores e poetas que teimam em escrever e publicar livros, como o Poeta Sergio Vaz mesmo sabendo que: Num país onde quase ninguém lê, escrever é quase um sacerdócio. Ao contrário do que muitos pensam, ser poeta não é um privilégio, é um castigo. Porque escrever dói, arranca pedaços e deixa marcas profundas no coração. Muitas vezes ele desce até o inferno para que leitor suba ao céu e leia sua dor como se fosse dor alheia. É a magia das palavras. Escrever é sangrar um pouco todo dia na presença de testemunhas que assistem a tudo, mas não podem fazer nada. E de tão trágicos, os poetas, mergulham em poças de letras feito quem se afoga no fundo do mar. É quando o poema prende a respiração para que outra pessoa possa respirar”.

Os festivaleiros que atravessam o Brasil mostrando suas canções para as poucas pessoas, que ainda se dão ao luxo de ouvir música de qualidade, que os programas de televisão não mostram, e que as rádios, salvo raríssimas exceções, não tocam, e os escritores que escrevem peças de teatro que serão encenadas por artistas que ainda não estão inseridos na constelação de sucessos, e trabalham por teimosia e amor à arte mesmo dando seus pulos para pagar os boletos.

Outros, como este poeta que vos escreve, resolve escrever e publicar livros, fazer canções, e montar peças teatrais, dando murro na ponta da faca da esperança, protegido apenas pelas luvas de liga de aço carbono 12 dos sonhos.