Cronicando: Caleidoscópio

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Caleidoscópio
Robledo Carlos é representante comercial




Silêncio obscuro do mais alto grito.

Eu ouço vozes, eu vejo em aquarelas, vislumbro o infinito.

Impassível sob o vento que lambe a falésia, na dança da brisa o amarelo do trigo.

Ao aglomerado grão de areia, sobreposto em dunas, em dourado estendido ao sol ou da moça bela envolto a cachecol

Do sofrimento atento, de triste olhar de um cão ou de um lamento

Do angorá a esquentar à beira do fogão.

De ver a pipa em azul reluzente na parede

rabiscadas de crianças em carvão

No limite entre uma margem à outra

Em cimento frio ou do sorriso do velho ancião

Do voo das andorinhas ou do corvo em dia cinzento pousado em arbusto seco, nas luzes tênues de um convento.

O silêncio é interrompido pelo murmúrio do rio que desce lentamente, sereno e macio.

Seguindo o muro longínquo em claro convite ao musgo, que observa a torre da igreja, para a dança do sino colado ao grampo ou na tela de visgo.

Uma praça, uma borboleta ou até mesmo um monumento para o deleite de plêiades atentos.

Surge o poste, em taciturno anoitecer, em sons nostálgicos de passantes desconhecidos.

Assim é que vejo, é preciso apequenar-se, a tudo, meus olhos, fúlgidos!