Cronicando: Castelos de mim

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Castelos de mim
Robledo Carlos é representante comercial




Segue a vida desapercebido.

Sobrevivido de amor que pude.

Saudades de minhas dores em dedos sem o tampão, ao chegar em casa suado e em choro com dor fitando aos olhos dela. Comovida pela minha dor, nossos olhares se cruzam e rimos, eu choroso e ela feliz.

Assopra o vento em lábios de mãe e cânfora em cheiros se espalham no ar.

Fecho os olhos e mertiolate arde em risos nervosos, na dor, louco pra voltar pra rua onde pareço morar.

Ralei o joelho e ela jogou o pó antisséptico, menos dolorido, aquele pozinho santo que mãe colocava a soprar.

Emulsão de Scott pra ficar forte, pra engrossar as pernas e o apetite aumentar, se não houver melhora, um Biotonico Fontoura antes de deitar para crescer e muques criar.

No meu coração saudoso e velho, esparadrapo e gases evitam que voe atrás de sonhos, mas já está de asas cortadas meio desmilinguido, com espinhelha caída.

Hoje estou de vento-virado, abri a geladeira depois de tomar café, quase morri!

Morri muito nessa minha vida de morte.

De sorte, bebi leite com manga pra sustância de 90 quilos, mas sem morte, no caso.

Andando descalço peguei bichas, acho que solitária, talvez ela se apaixone por meu coração solitário, sei não, comer umas sementes de abóbora ou um bom lumbrigueiro acaba com essa barriga.

Piolhos cato depois.

Vou usar as minhas parcatas e evitar o contágio dos vermes e a frieira do pé, até os bicho de pé eu gosto, coça e é bão que só!

Saudade de sentir dor perto de mãe.

Ah, que saudade de estar com febre de 40 graus e comer uma maça de papel roxo enrolado, aquele sabor de isopor eu nunca esqueci!

Quantas vezes eu morri sem medo, ao lado de minha mãe.

Eu morreria outras vezes se pudesse, e, se Deus quisesse, trazer ela pra mim, até com um cadiquinho de febre pra ela me beijar assim.

Coloco é um band-aid no joelho direito, manco no pé esquerdo, é pra atrair mãe pra mim.

Sempre menti em dores, minhas dores eram bem menores junto dela.

Agora, de resto, é um bom boldo amanhã pra melhorar o fígado e descansar os rinsos, desses olhos que choram dessa dor que não sai de mim.

É que não tive tempo, ela sempre cuidou de mim, mas foi-se embora tão cedo que não pude zelar por ela. Fica aqui o meu lamento pra Nosso Senhor Jesus Cristo, que Ele me deixe, algum dia, das feridas dela eu cuidar.