Cronicando: Deserto

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Deserto
Robledo Carlos é representante comercial




Rio de minha morte de ontem.

Preciso formar memórias para o amanhã

O louco no deserto do cimento e virois

Nada tão certo de minha morte em lençois

Entre latrinas e urinois

renasço em quente ardor decerto

Descoberto em amarelo aroxeado

Sucumbido , decúbito dorsal

para nova dor que insiste e aperta

Tudo no silêncio em que habito

No coraçäo as dúvidas em aberto

Atravesso certo o deserto sem plateia

Piso quente, chuva torrente

Que molha  minha boca de areia quente

O vento que vem

Que surge do nada

A lágrima da conquista

O choro da derrota

Que me atravessa e me empurra qual em uma multidão

Um incerto tombo de corte na testa

Outros em mim de enxerto

Sou muitos

Disserto no que sinto

Em constâncias me liberto

Abro a janela 

Retiro areia, lavo os olhos

Atravessei o deserto de mim.

Assopro  pelos de meus braços.

Morro de certo,  pela amanhã.