Cronicando: Preta inocência
Robledo Carlos (de Divinópolis)
Servidão e serventia
era o que sobrava pra mim
negro, preto, curumim
era tudo que cabia
burra cheia em quantia
dos meus tempos de criança
e dos sonhos sem herança
sem saber realidade
o que era liberdade
os pretos sem esperança
Quando enfim a lucidez
com pensamento liberto
já de dúvidas farto
atado ao tronco com rigidez
negro preso, que estupidez
lágrimas em lamento
esse eterno sofrimento
de açoite de força extrema
nas costas deixa edema
e curados com unguento
Virá então o dia
que não haverá escravos
nem mais os dias turvos
mas embora que tardia
liberdade que luzia
todos homens livres então
com atabaques em percussão
colocaremos um basta
e cantaremos em festa
fim da maldita escravidão