Eleições xoxas de 2024
As campanhas e as eleições municipais deste ano serão lembradas, sem dúvidas, como as mais xoxas, desanimadas e menos envolventes da história. E nenhum dos candidatos tem culpa, a responsabilidade fica por conta do TSE, que, de maneira burocrática, se esqueceu do púlpito em cima de caminhões nas praças das cidades e do calor humano que eles proporcionam, achando que apenas por meios tecnológicos como redes sociais dariam conta da democracia.
O que houve foi uma confusão medonha com relação às campanhas para deputados, senadores, governadores e presidente com as dos prefeitos de cidades de médios e pequenos portes. A cada resolução, novas regras que, a princípio, seriam para promover isonomia entre as campanhas, mas que acabaram por afastar e desanimar o eleitor.
Em Formiga, o que vigorava era engordar o poste. Na madrugada de segunda, saia uma turma com um balde de grude e uma brocha, uma espécie de pincel que mais parecia a tocha da estátua da Liberdade que fica em frente às lojas da Havan. Um ficava na esquina como de olheiro, o segundo pintava o poste de grude e um terceiro pregava um cartaz tipo lambe-lambe do candidato. Na madrugada de terça, vinha outra turma com grude, brocha e cartazes de outro candidato e pregava por cima. No final das campanhas, os postes estavam gordos; passado o pleito, num instante os postes estavam limpos de novo. Hoje, isso é crime eleitoral.
Também havia o livro de ouro. Era um caderno de conta corrente que geralmente era comprado na Papelaria do Zé Branco onde estavam registradas as doações: Seu Rubens da Drogaria doou tanto, Guilherme Cassini da mobilar, mais tanto, Paulo Couto do Bazar Guri, outro tanto. Os cabos eleitorais eram de graça e se entregavam à causa. Hoje, quem fizer doação informal corre sério risco de ter problema com a Justiça, assim como quem recebe. Agora é só dinheiro público para quem quer cargo público. O cabo eleitoral é um profissional pago a preço de general eleitoral.
Santinhos de candidatos a vereador eram uma festa pelas ruas. Agora, o que se nota é que a maioria dos eleitores não recebeu pedido pessoal de voto de nenhum postulante a vaga na Câmara Municipal. O candidato faz uma lista de amigos do face e contatos no instagram e do whatsApp e dá um enter. Nada mais sem graça.
Os que forem eleitos prefeitos e vereadores merecerão aplausos. Na xoxura e falta de graça das urnas, mostrarão que se adequaram às modernidades e aos postes fininhos e magros.