Opinião: A filosofia morreu!

Eduardo Ribeiro de Carvalho (de Formiga/MG)

Opinião: A filosofia morreu!
Eduardo Ribeiro de Carvalho é membro da Academia Formiguense de Letras




Outro dia lendo um livro sobre a história da filosofia, deparei com a afirmação de um dos filósofos ali em estudo, de que a filosofia havia morrido. Abismado com aquela informação fiquei pensando: como isso seria possível, se temos milhares de pensamentos filosóficos registrados em livros, artigos e trabalhos, que estão por aí, escritos por dezenas de filósofos famosos, antigos ou atuais, cujas obras são lidas por inúmeras pessoas e também estudadas exaustivamente por alunos de várias escolas e também de grandes e conceituadas Universidades!

Depois, melhor analisando a situação, cheguei à conclusão que a afirmação estava correta, ou melhor, parcialmente correta. Isto porque no meu ponto de vista a filosofia é dividida em duas vertentes. Uma está bem viva a outra realmente morreu. Provavelmente a filosofia que o aludido filósofo matou, foi aquela também chamada de metafísica, através da qual muitos pensadores tentaram elucidar e comprovar a existência de Deus, mas, por mais que tentassem, não conseguiram avançar em nada, pois o acesso a essas informações não nos é permitido. Grande é o número de obras de filósofos que buscaram com afinco descobrir os mistérios do universo. É de se admirar a inteligência, o conhecimento linguístico e a disposição dispendida por inúmeros pensadores empenhados nessa missão, inclusive, vários deles, dedicaram quase toda a sua existência nesse propósito.

Tudo em vão.

O criador não nos deixou brecha alguma para que tomemos conhecimento desses mistérios maiores: Deus existe? Por que estamos aqui? Para onde vamos? E o espaço infinito, como explicar e aceitar isso? Não adianta, para essas questões nunca teremos resposta. Como já disse Demócrito de Abdera, antigo filósofo da antiguidade, bem antes de Sócrates:

“Na realidade nada sabemos, pois, a verdade jaz num abismo”.

Portanto, tudo indica que para essas coisas teremos que buscar outros caminhos para atender a nossa curiosidade.  

Agora, a filosofia que procura o conhecimento das coisas que nos cercam, da matéria em geral, o ser humano possui e tem demonstrado que tem todas as condições e meios de descobrir como são e como utilizá-las ao seu livre arbítrio. Esta filosofia também é dividida em duas vertentes, uma, a que procura conhecer as coisas do mundo somente através do pensamento, como era desenvolvida na época de Sócrates e Platão e até bem antes destes, a outra é desenvolvida pelo conhecimento científico, através de experiências em laboratórios. A filosofia feita através do pensamento puro parece que não sofrerá maiores avanços já que foi atropelada pelo conhecimento adquirido através da ciência que já comprovou a sua total eficácia. Muitos pensadores deram imensa ajuda à ciência e aos governantes, abrindo caminhos, mostrando teses que foram comprovadas posteriormente, mas, isso nos tempos em que pouca coisa se sabia. Atualmente, a ciência com o alto grau de evolução tecnológica que atingiu, consegue desenvolver-se totalmente por si só, não deixando a mínima chance para o pensamento puro, visto a tremenda complexidade de dados que a física, a química, e outras ciências armazenam. A ciência possui ao seu alcance, computadores de última geração e utensílios de alta capacidade de medição para continuar com a sua progressão de descobertas e invenções. Ou seja, hoje o mundo necessita de técnicos e não de pensadores.

Contudo, já que pensar é um recurso que o ser humano tem, para ganhar a vida ou somente para se distrair. Nada implica que devamos deixar de pensar, ou melhor, de filosofar. Eu mesmo, outro dia, me peguei em pleno ato filosófico, quando no noticiário falou-se alguma coisa sobre Companhia Vale do Rio Doce e que ela estava batendo todos os recordes de exportação de minério de ferro, aí eu pensei: “Meu Deus, o mundo já está certinho, girando em torno de si mesmo e em torno do sol, com a lua fazendo o mesmo em sua volta, tudo arrumadinho como quis Deus, será que tirando todo esse ferro pesado de um lugar e mandando para outro nós não vamos provocar uma alteração na gravidade, podendo alterar a situação atual e provocar um desequilíbrio grave no planeta?”

Vã filosofia.

Enfim, voltando ao nosso assunto, resta ao homem continuar a se desenvolver tecnologicamente com os recursos que possui à sua disposição, e procurar desbravar o universo, o que não é pouca coisa. E esta é uma possibilidade real que nos foi dada, com certeza o homem não habitará somente o planeta terra, com uma inteligência que se tem demonstrada infinita.

O ser humano tem um desafio à altura de sua capacidade pela frente.