Opinião: De Divinópolis para o Festival da Linguiça

Lúcia Helena Fiúza (de Belo Horizonte)

Opinião: De Divinópolis para o Festival da Linguiça
Lúcia Helena Fiúza é professora aposentada




Se tem uma coisa que eu adooooro é fazer inveja a quem é de Divinópolis. Tem gente que acha, e até aposta, que o fato de a Terra do Divino ter se enchido de gente de fora a tornou melhor do que Formiga: uma ova (alguém se lembra dessa expressão?).

Chegamos sexta-feira a Formiga com um casal querido que pegamos no Bairro São José em Divinópolis, Zé Maria e Lourdinha. Viemos para o Festival da Linguiça. Minha colega na época da Fafi, Lourdinha é daquelas amigas impecáveis na classe, gentileza e bom humor. Zé Maria, empresário de sucesso, não fica pra trás. Muito inteligente, morou no Canadá e de lá veio com o francês e o inglês na ponta da língua.

Ajeitamos as malas na casa de minha prima Sãozinha, que, de tão generosa, arrumou dois quartos. Não tinha começado o “Jornal Nacional” quando saímos para a Praia Popular, local do evento. Paramos o carro em um estacionamento na orla e foi de rir o ciúme dos visitantes quando viram refletida nas águas límpidas da lagoa as luzes do Country Clube. Estava maravilhoso.

Caminhamos, subimos uma escadinha e adentramos a parte onde ficam as quadras de esporte. Tudo muito bem cuidado com zelo exemplar. Passamos por uma portaria e “tcham!!!”, a tão afamada festa estava ali à nossa frente, parecia que chegamos a um lugar que só existe nas descrições mais detalhadas e exageradas (pensa na dor de cotovelo…).

Achamos uma mesa de onde dava para ver o palco. A todo momento, chegava uma pessoa conhecida abraçando e expressando saudades (coisa de formiguense). Fafá, meu esposo, e Zé Maria foram buscar uma maravilhosa cerveja que estava estupidamente gelada. Adivinha onde fica a fábrica? Dá para imaginar a cara dos divinopolitanos.

Tudo totalmente demais. De tempos em tempos, a gente buscava um pratinho e cada linguiça tinha um aroma especial, sabores que me remetiam a momentos felizes na Chapada, no Rosário e no Centenário, bairros onde morei.

Lá pelas tantas, começa o show: Sá & Guarabyra. Fafá começou a implicar: “Lá em Divinópolis deve ter Luan Santana hoje; amanhã eu acho que é Gustavo Lima e você, tchêrerê, tchê..tchê…”. Quase morríamos de rir.

No sábado, acordamos lá pelas 9h30 e Sãozinha nos avisou que haveria feira hippie na Praça da Escola Normal. Que espetáculo, dava para encher o balaio de tanta coisa bonita e bem feita, tinha até música ao vivo. Ficamos até meio-dia e depois fomos almoçar. Escolhemos um restaurante que não conhecíamos, se chama “100%” (ótimo e justo o nome) e fica logo em frente ao Terminal Rodoviário. Coisa de cidade grande. Garçons e garçonetes extremamente educados, gastronomia de alta qualidade em um ambiente familiar e agradável. Não demoramos muito, teríamos mais uma rodada a cumprir no Festival da Linguiça.

Ia dar 5 da tarde quando pegamos um uber (isso mesmo, Formiga tem uber), num instante já estávamos acomodados. Não conseguimos mesa em local estratégico como na sexta, o local estava cheio, mas tínhamos sombra e acesso fácil aos petiscos e à cerveja formiguense.

Bebe uma… bebe duas... e quando começou o show do “Inimigos da HP”, com conjunto que eu não conhecia, já estávamos no gargarejo bem em frente ao palco.  Inesquecível, que coisa mais linda, momentos maravilhosos, dançamos e cantamos até cansar. No fim da noite, olhávamos para Zé Maria e Lourdinha e vinha a implicância: “Pois é… e aí, e aí…?”.

Domingo cedo, pra humilhar, passamos na Matriz São Vicente Férrer para uma oração. A missa tinha acabado de acabar e dava para ouvir o cântico dos anjos ecoando daqueles altares maravilhosos (eu sei, eu sei… crueldade com os amigos, mas fazer o quê?).

Na estrada, logo depois que passamos pelo Posto Santa Cruz, Zé Maria e Lourdinha falaram da Adélia Prado, eu soltei um Silviano Santiago. Contaram do Túlio Mourão e Fafá narrou a vida e a carreira do Padre Fábio de Melo. Quando resolveram se vangloriar do Guarani Esporte Clube, eu não aguentei e fui cruel: “E Formigão-68, heim…?, heim…?”. Foi aí que instalou-se um silêncio ensurdecedor por toda a MG-050.

 

PS.: Zé Maria e Lourdinha, este artigo é só uma brincadeira, amamos vocês. Divinópolis também é linda. Não tem Lago de Furnas, mas é linda.