Opinião: I’m sad
Anísio Cláudio Rios Fonseca (de Formiga/MG)
Embora me enleve sempre com o doce torpor das emoções despretensiosas do amor, novamente minha consciência me obriga a falar sobre coisas que não trazem alegria, beleza e conforto. Por este lado estou triste, muito triste. Embora olhe com admiração tudo o que o homem, como sociedade, conseguiu amealhar em termos de conhecimento e bens materiais durante sua evolução, fico estarrecido quando vejo que a barbárie atravessa os séculos e não poupa nem as crianças. Estas, com seus olhos inocentes, são agredidas todo o tempo, sem tréguas, por monstros criados por razões diversas, mas ainda assim monstros mais horripilantes que escolopendras. É incrível, mas pelo que vejo acontecer com crianças e mulheres hoje em dia, faz as crucificações romanas parecerem trotes universitários. Acham que eu estou exagerando? A história nos mostra que muita gente, pelo menos, sobrevivia a estas crucificações e continuava sua vida. Quando a coisa fica tão feia a ponto de criar um cisma de menores proporções entre igreja e sociedade comum, é porque chegamos ao fundo do poço mesmo (vide recentes acontecimentos na mídia). Como podemos aplicar os ensinamentos do Deus (universal) nos dias de hoje? Como amar a Deus sobre todas as coisas numa sociedade tão materialista que nos cria assim também? Como guardar domingos e dias de festa se estamos tão cansados de apanhar do dia-a-dia que acabamos apagando nestes dias? Como honrar pai e mãe se muitas vezes são eles que nos jogam pela janela de um prédio ou nos deixam 24 anos trancados em um porão? Como não matar, se na minha frente me apontam uma arma e, se eu ficar quieto ou reagir, acabo matando o outro ou a mim? Como não roubar, se ninguém sabe o que eu sofro e a dor que eu sinto com a fome e a humilhação? Como não tomar o santo nome de Deus em vão, se em todo susto nesse mundo absurdo eu o exclamo? Como não cometer adultério, com tantas bundas e peitos maravilhosos dando sopa escandalosamente? Como não desejar a mulher do próximo, se ela vive dando em cima de mim? Como não levantar falso testemunho, se podem me torturar em um interrogatório por coisas que não fiz e não sei? Como não desejar as coisas alheias, se muitos têm tanto e eu não tenho nada? E, na versão original do antigo testamento, como não fazer e adorar ídolos de coisas da Terra e do céu, se hoje a sociedade idolatra marginais, assassinos, pseudo- artistas e músicos, a imoralidade e tudo de ruim que se possa imaginar?
Ah, meus amigos, estes mandamentos são as bases para qualquer sociedade perfeita, mas do jeito que as coisas ficaram, é até perigoso leva-los à risca. Estamos acuados. Qual de nós não gostaria de colocar estes monstros assassinos no paredão e mandar fuzilar, ou faze-lo? Quem quer sustentar esta corja monstruosa em presídios de segurança máxima, através de suados impostos? Ou vocês gostariam de tratá-los com amor ilimitado? Não sejamos cínicos! Gostaria ainda de, depois de levar um tapa em uma face, oferecer a outra, para que meu agressor tivesse uma crise de consciência e implorasse pelo meu perdão, mas o que acontece hoje é que, se eu oferecer a outra face, ele vai me acertar com uma clava cheia de pontas. A evolução não melhorou a índole e o espírito do homem, com certeza. Espero sinceramente que, se Cristo ou profetas de todas as religiões do mundo retornarem, que a humanidade os receba bem. Que não os assassinem no ventre, que não os joguem na lixeira, que não batam neles, que não os atirem pela janela, que não os queimem, que não os esquartejem, que não os violentem, que não os droguem, que não os embebedem, que não os dopem com besteirol televisivo, musical e escrito, e que não os façam passar fome e sede, porque esta tristeza vai acabar matando a todos que acreditam numa sociedade melhor e no amor. Precisamos de um verdadeiro milagre para sair do atoleiro, renovar o espírito e voltar a viver em paz. Enquanto isso, somos obrigados a ver na TV que um pai coloca a filha em algo tão fantástico como um avião para embicá-lo no estacionamento de um shopping...
** Tudo o que falei são impressões pessoais de alguém indignado, mas que nutre o maior respeito pelas instituições religiosas, cuja importância espiritual, moral e social é incontestável.