Os descobridores do homem

CEARC - Centro Espírita Anézio Ribeiro de Camargo

Os descobridores do homem




Finda a leitura de alguns trechos da história de Jó, a palestra na casa de Simão versou acerca da fidelidade da alma ao Pai Todo-Bondoso.

Diante da vibração de alegria em todos os semblantes, Jesus contou bem-humorado:

- Apareceu na velha cidade de Nínive um homem tão profundamente consagrado a Deus que todos os seus contemporâneos, por isso, lhe rendiam especial louvor. Tão rasgados eram os elogios à sua conduta que as informações subiram ao Trono do eterno. E, porque vários arcanjos pedissem ao Todo-poderoso a transferência dele para o céu, determinou a divina Sabedoria fosse procurado, na selva da carne, a fim de verificar-se, com exatidão, se estava efetivamente preparado para a sublime investidura.

"Para isso, os anjos educadores, a serviço do Altíssimo, enviaram à terra quatro rudes descobridores de homens santificados - a Necessidade, o Dinheiro, o Poder e a Cólera desceram, cada qual a seu tempo, para efetuar as provas indispensáveis.

"A NECESSIDADE que, em casos desses, sempre surge em primeiro lugar, aproximou-se do grande crente e se fez sentir de vários modos, dando-lhe privações, obstáculos, doenças e abandono de entes amados; entretanto, o devoto, robusto na confiança, compreendeu na mensageira uma operária celeste e venceu-a, revelando-se cada vez mais firme nas virtudes de que se tornara modelo.

"Chegou, então, a vez do DINHEIRO. Acercou-se do homem e conferiu-lhe mesa lauta, recursos imensos e considerações sociais de toda sorte, mas o previdente aprendiz lembrou-se da caridade e, afastando-se das insinuações dos prazeres fáceis, distribuiu moedas e posses em multiplicadas obras do bem, conquistando o equilíbrio financeiro e a veneração geral.

"Vitorioso na segunda prova, veio o PODER, que o investiu de larga e brilhante autoridade. O devoto, contudo, recordou que a vida, com todas as honrarias e dons, é simples empréstimo da Providência celestial e usou o poder com brandura, educando quantos o rodeavam, por intermédio da instituição e do trabalho bem orientados, recebendo, em troca, a obediência e a admiração do povo entre o qual nascera.

"Triunfante e feliz, o crente foi visitado, enfim, pela CÓLERA. De maneira a sondar-lhe a posição espiritual, a instrutora invisível valeu-se dum servo fraco e ignorante e tocou-lhe o amor-próprio, falando, com manifesta desconsideração, em assunto privado que, embora expressão da verdade, constituía certo desrespeito a qualquer pessoa de sua estatura social e indiscutível dignidade.

"O devoto não resistiu. Intensa onda sanguínea lhe surgiu no rosto congesto e ele se desfez em palavras contundentes, ferindo familiares e servidores e prejudicando as próprias obras. Somente depois de muitos dias, conseguiu restaurar a tranquilidade, quando, porém, a Cólera já lhe havia desnudado o íntimo, revelado-lhe o imperativo de maior aperfeiçoamento e notificando ao Senhor que aquele filho, matriculado na escola de iluminação, ainda requeria muito tempo na experiência purificadora, para situar-se nas vibrações gloriosas da vida superior."

Curiosidade geral transparecia do semblante de todos os presentes, que não ousaram trazer à baila qualquer nova ponderação. Estampado no rosto sereno sorriso, o Cristo terminou:

_ Quando o homem recebe todas as informações de que necessita para elevar-se ao Céu, determina o Pai amoroso seja ele procurado pelas potências educadoras. A maioria dos crentes perde a boa posição, que aparentemente desfrutavam, nos exercícios da Necessidade, que lhes examina a resistência moral; muitos voltam estragados das sugestões do Dinheiro, que lhes observa o desprendimento dos objetivos inferiores e a capacidade de agir na sementeira do bem; alguns caem, desastradamente, pelas insinuações do Poder, que lhes experimenta a competência para educar e salvar os companheiros da jornada humana, e raríssimos são aqueles que vencem a visita inesperada da Cólera, que vem ao círculo do homem anotar-lhe a diminuição do amor-próprio, sem a qual o espírito não reflete o brilho e a grandeza do Criador, nos campos da vida eterna.

O Mestre calou-se, sorriu passivamente de novo e, porque ninguém retomasse a palavra, a reunião da noite foi encerrada.

 

Obra: Jesus no Lar; Autor Espiritual: Neio Lúcio; Médium: Chico Xavier

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Reuniões presenciais às segundas e quintas-feiras, a partir das 19h30