Crônica: O pôso e a janta

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: O pôso e a janta
Manoel Gandra é poeta e jornalista




O vitorioso empresário José Ribeiro, o Zé Cunheca, é figura conhecidíssima no Bairro do Quinzinho. Irmão dos artistas Américo e João Canhoto, está sempre pronto para colaborar com sua comunidade. Por isso, não são poucos os que o procuram pedindo um adjutório, uma ajudinha.

Há uns meses, Zé Cunheca se encontrou com um representante da Paróquia do São Judas, que contou que viria para Formiga um pessoal de um terno de congado de Uberlândia. O objetivo seria participar das festividades da Irmandade do Rosário, e era preciso a comunidade se unir para bem receber os visitantes.

Na hora, Zé Cunheca ofereceu os préstimos:

__Uai, se ocêis quisé, eu dô o pôso.

Satisfeito com a oferta, o representante da paróquia quis trocar:

__Uai, Seu Zé, nóis num dispensa não. Mas eu queria fazer uma proposta, um negócio. Quem sabe o senhor num trocava o pôso pela janta?

Inteligente, Zé Cunheca respondeu no ato:

__Mas que troca ruim. O pôso é meu e a janta é minha, que vantagem eu levo nisso?