Crônica: Palavras

AC de Paula (de São Paulo)

Crônica: Palavras
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Os ventos solares, as circunstâncias lunares, as nuvens eletromagnéticas inseridas no panorama climático, nos fazem concluir que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa qualquer, e que ninguém se atreva a dizer que é tudo a mesma coisa.

Eu de minha parte procurei complicar tudo de uma forma bem simples pra não pensar em, ou não pensarem que eu compliquei tudo, até porque aí complicava tudo mesmo e não seria tão simples, pois que complicado.

Deveras poderá alguém perguntar se perdi o senso, a razão, o lenço, o discernimento ou talvez o documento na trilha deste desvario, e que lá na curva do rio enroscou-se a minha razão.

Mas estou certo como um anzol, que tem ciência absoluta de que devido à sua essência e estrutura, o seu certo é ser torto, de que não estou errado ou na contramão do sensato.

E o poeta já disse que palavras...são apenas palavras. Em época de eleições afloram as convulsões sociais, o radicalismo partidário, a ignorância generalizada, e a grande maioria sequer sabe qual a plataforma política dos candidatos.

Cada caçador de votos faz o discurso que a sua plateia quer ouvir e sai prometendo o que fatalmente não vai ter como cumprir.

Mas isso não importa, depois de eleito e eventualmente cumprido o mandato vai fazer cara de paisagem quando alguém o lembrar: "o senhor prometeu 509 abobrinhas mas só entregou 68".

E as promessas do candidato que promete que vai fazer tudo são apenas palavras que vão para o ralo do labirinto da história.