É Natal… e então…?

É Natal… e então…?




Com 2024 na boca do forno, o formiguense começa a imaginar como será a leva dos próximos 365 dias e como deverá se portar para que o Natal possa ser de conciliação e recuperação de amizades e de laços familiares, aqueles mesmos que se esgarçaram pela fricção de pensamentos divergentes fermentados por radicalismos em tempos de política polarizada untada pelo chorume das redes sociais.

Até pouco tempo, o Natal era uma época de olhar pra frente, só pra frente. Era um momento de renovar a atmosfera com brisa perfumada, de trocar afetos e de reconfirmar as palavras gentis e amenas alardeadas durante todo o ano. Nestes dias de nuvens escuras e de céu com a lua encoberta, com as pessoas com a alma e o corpo armados prontos para a letalidade, nunca foi tão premente pedir perdão e reconsideração. Agora, há de se olhar para trás, um bem lá atrás quando ainda havia crianças nas pracinhas, jogos de bola e de pião, brincadeiras de pique esconde, pipas no ar e mãe no portão gritando que está na mesa.

Pouca gente sabe, mas não eram só três os reis magos, Baltazar, Gaspar e Belchior. Houve um quarto que também viu a estrela guia, era Artaban, esse não tinha nem ouro, nem incenso ou mirra em seu embornal, ele levava pérolas.

Por estar muito distante do local onde a estrela indicava o nascimento do Messias, ele levou 33 anos para chegar onde imaginou que encontraria o Rei dos reis. No seu caminho, ele encontrou quem tinha sede e ofereceu água, quem tinha fome e ofereceu comida, quem estava doente e tratou de suas feridas. À medida em que ele andava, o brilho da estrela ia apagando. 33 anos depois, ele chegou onde estariam José, Maria e o anjo da anunciação. Não havia mais ninguém. E o Menino?

Quando já acreditava no em vão, ele levantou a cabeça e viu um homem de 33 anos sofrendo e sendo castigado, porém com um brilho igual ao da estrela que ele perseguiu. Aquele homem estava a caminho da crucificação e lhe disse: “Você não fracassou, você me deu água quando eu tive sede, você me deu o de comer quando eu tive fome, você cuidou de mim quando eu estava doente. Durante 33 anos, você me encontrou”.

Por fim, Artaban deu àquele pobre homem a última pérola que lhe restou, as outras ele já tinha dado a Cristo durante toda a sua caminhada.

Que neste Natal, cada formiguense entenda que há um Artaban adormecido dentro de seu coração.

Boas festas…!!!