O risco que corre quem faz pensar

O risco que corre quem faz pensar




 Nesta semana, “O Pergaminho” deu com exclusividade que uma ex-freira contou em um podcast em São Paulo que no tempo em que esteve em um convento foi proibida de ler livros do padre formiguense Fábio de Melo.

Bruna Miranda relatou momentos de repressão trágicos e revoltantes enquanto esteve fazendo parte da ordem religiosa e contou: “Padre Fábio de Melo foi proibido, os livros dele falam muito sobre isso [o que ela estava vivendo no convento], tem um livro dele que se chama ‘Quem me roubou de mim’, que é muito bom, que fala do sequestro da subjetividade, quando eu li aquele livro eu falei: ‘É isto que está acontecendo comigo aqui’, eu abri a mente e tiraram [o livro] da minha mão”.

Assim que o jornal circulou, a repercussão foi grande, teve gente indagando e querendo mais detalhes, outras lamentando o vivido pela ex-freira e umas terceiras incrédulas com a notícia de livros de um padre católico impedido de ser lido por freiras católicas.

Livros de sacerdotes censurados em conventos e mosteiros não são novidades, nomes como o colaborador de “O Pergaminho” Frei Betto, de Dom Pedro Casaldáliga, Dom Élder Câmara, do bispo Mauro Moreli e até do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns já foram retirados das mãos de iniciantes da vida religiosa.

Agora, foi a vez de Fábio de Melo. Independente da religião, qualquer pessoa que tenha um mínimo de discernimento sabe que suas palavras provocam reflexão. O problema é que isso não interessa em inúmeras situações.

É triste ver qualquer autor censurado em qualquer situação que seja. Certa vez, o já falecido filósofo Rubem Alves, colaborador deste diário por anos, enviou uma carta elogiando os trabalhos e dizendo que o importante para quem escreve é fazer com que as pessoas pensem.

Padre Fábio de Melo foi tirado das mãos da ex-freira porque ele a fez pensar e, com isso, ela abriu os olhos.