Opinião: Apelidos formiguenses

Lúcia Helena Fiúza (de Belo Horizonte)

Opinião: Apelidos formiguenses
Lúcia Helena Fiúza é professora aposentada




Já ouvi várias vezes pessoas fazendo comentários sobre apelidos que os formiguenses dão aos formiguenses e confesso que alguns são muito criativos e simpáticos, principalmente quando os alvos levam na esportiva.

Já ouvi muito sobre uma família, que não conheci pessoalmente, chamada de Marcha ré. Dizem que são extremamente inteligentes, gentis, e empreendedores. O mais curioso é que em tudo em que eles colocam a mão dá certo, tudo vai pra frente. Me falaram de um senhor   que atendia pela alcunha de “Boa vida”, ele ganhava a vida nas noites vendendo churrasquinhos até tarde da madrugada, fosse na chuva ou no frio. Boa vida?

O Joãozinho Quadrado, desse bem me lembro, era um catireiro de relógios que ficava fazendo negócios lá pelas bandas da Ponte da Casa Três Irmãos. O curioso é que ele era muito obeso, grandão, daqueles bem gordos mesmo. Por ser redondo, ganhou o apelido de Quadrado. Se divertia, quando perguntavam o seu nome, respondia na lata: “Joãozinho Quadrado, por quê?”.

O Pedrinho Lambreca era um pintor de parede que morava no Bairro Centenário, era irmão do Carlinhos Tinta Rala. Os apelidos, o pessoal brincava, era porque o Pedrinho sujava mais o chão do que as paredes e o Carlinhos só pegava serviço por empreitada fechada, com a tinta por conta dele. Aí, colocava água na tinta para render… em poucos dias se via o fundo da parede. Os dois adoravam as chacotas e diziam que era a mais pura verdade tudo o que falavam dele.

O Altamiro Gasolina, meu pai contava, nunca dirigiu. Ele morava no Bairro Centenário e trabalhou no Posto Santa Cruz na época era em que era de propriedade de um fazendeiro de Pains chamado Seu Sidney. Ficou no posto por menos de dois meses, isso na década de 1970, e depois foi trabalhar na Fazenda dos Barbosa. Levou o apelido pro resto da vida.

Tinha também o Luiz Pintadinho, que foi funcionário da Prefeitura, ele não saía lá de casa. Ele era comunicativo, ruivo e com sardas no rosto, o mesmo motivo que levava os moradores da Rua Nova a conhecerem o pedreiro Vicente Peneira. Dizem que foi ele mesmo quem se apelidou, brincava dizendo que um dia tomou sol protegido por uma peneira para areia, que as pintinhas, as sardas, seriam por causa disso.

O Badala, o Cabaça, o Toninho Volta Logo, o Zé Cabide, o Cabelo Louro, o Relíquia, o Liquinho, O Gegê Colchão, o Zé Cunheca e o Misael Torto eu sei que já morreram. Os que não conheci pessoalmente, conheci pela fama.

A lista dos apelidos que os formiguenses dão e sempre deram a seus irmãos formiguenses é grande. Registrei neste texto apenas os que eram amigos da família e que eu tenho certeza de que não ligam e até se divertiam. A maioria era da época em que morei na cidade, mas tinha e tem muito mais. Não citei todos porque me alertaram que alguns podem se queimar e que é bom deixar de lado para não dar morte.