Opinião: CONSELHO

AC de Paula (de São Paulo)

Opinião: CONSELHO
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Quando chega a fatura das merdas que a gente fez, bate um arrependimento, mas em seguida, talvez, se tivermos outra chance faremos tudo outra vez!

É assim, vida que segue, e nem que a luz da razão nos cegue, a gente tenta e não consegue, é esperança vazia.

Miséria pouca é bobagem, e com a cara e a coragem vai seguindo a carruagem, e a gente a se queimar no fogo da teimosia.

Eureca e macacos me mordam, hoje ninguém fala mais, o bom cabrito não berra, qualquer paixão satisfaz.

Tem coisa que nunca muda, é assim o tempo inteiro, se tem leite falta o pão, tem feijão falta dinheiro.

Quem tem boca vai à Roma, todo mundo quer a glória, quem perde chora as pitangas, quem vence canta a vitória.

Se a sorte está lançada não tem tramoia no jogo, lance de carta marcada queimando mais do que o fogo.

Se o pecado mora ao lado, melhor mudar de calçada, pra que chover no molhado, preste atenção no recado, tudo é tudo e nada é nada.

Sem alarde e sem mistério, na vida tudo acontece, o conselho não tem preço, pode usar se lhe apetece.


NATAL!

 

Eu continuo na contramão em relação às festividades natalinas, nunca fui contagiado pelo tal espírito do Natal. Durante o ano inteiro, pessoas se esbarram todos os dias e muitas sequer têm o hábito de falar bom dia, boa tarde, boa noite. Mas, então, é Natal e vale tudo na escancarada hipocrisia. Guardem as pedras, eu não tenho absolutamente nada contra o protagonista aniversariante, aliás, pelo contrário, estou com ele e não abro. 

Mas não posso concordar com o comportamento geral das pessoas, que muda da água para o vinho, todo mundo é bondoso, caridoso, afinal, é Natal. Nada pessoal contra o tal Papai Noel, no qual eu nunca acreditei. Insensível, dirão alguns, não teve infância, dirão outros, e ninguém terá acertado.

Fui criança feliz, sem internet, sem traumas, sem laptop, sem celular, e sem Papai Noel. Aprendi, desde cedo, que ele nunca existiu e que os presentes eram nossos pais que compravam, por isso não adiantava querer o que o pai não ia conseguir comprar. Realidade que evitava a eventual desilusão.

Hoje, mal começa dezembro e tem início o bombardeio da mídia enchendo as crianças de sonhos e desejos que custam os olhos da cara, e aqueles que não tiveram a coragem ou optaram por não quebrar a tal ilusão do Papai Noel se desdobram para comprar brinquedos e presentes que custam verdadeira fortuna, mas pra que serve o crédito né!? Na maioria das vezes, esquecem até do aniversariante.